Adaptação à IA vai determinar a sobrevivência no mercado de startups

A habilidade de lidar com a inteligência artificial vai guiar o caminho das startups no mundo. Principal inovação tecnológica dos últimos anos, as ferramentas que reproduzem o comportamento humano são vistas como determinantes para a sobrevivência das empresas em desenvolvimento.

O que aconteceu

Inteligência artificial otimiza a atuação das startups. A combinação das tecnologias no ambiente de negócios já marca a realidade. "A inteligência artificial já é o presente e vai, com certeza, diferenciar as empresas entre as que sabem e as que não utilizar isso para os seus negócios", avalia Diego Ramos, presidente da Acate (Associação Catarinense de Tecnologia).

Ferramentas são usadas por 78% das empresas inovadoras do Brasil. Segundo a pesquisa Founders Overview 2024, realizada pelo Sebrae Startups, o percentual é referente ao total de companhias que utilizam algoritmos e dados para automatizar seus processos. "O impacto da IA já é visível no aumento da eficiência operacional e no crescimento de muitas startups", diz Alexandre Souza, gerente de Inovação do Sebrae de Santa Catarina.

Empresas que adotaram a IA já sentem impacto positivo. O mesmo levantamento mostra que 65% das startups brasileiras tiveram aumento no seu crescimento e eficiência operacional ao utilizar a inteligência artificial no ambiente de negócios. As ferramentas de análise de dados são as preferidas (27,4%), seguida pela automação de processos (24,8%), a otimização do marketing (18,5%) e a experiência do usuário (16,4%).

Tecnologia auxilia fabricantes de tecidos a cumprirem meta. A CEO e fundadora da Molde.me, Tyara Nascimento, desenvolveu, há seis anos, uma ferramenta para ajudar as pequenas e médias confecções a reduzir o desperdício de matéria-prima e atingir a norma que limita o descarte a 25% da produção. No ano passado, ela conta que aderiu à IA para otimizar a operação. "O que a gente viu com os nossos clientes é uma diminuição de 15% do desperdício", revela.

Futuro depende da IA

Adaptação vai determinar a sobrevivência das empresas em desenvolvimento. Silvio Meira, cientista-chefe da TDS.company, destaca a importância dos empreendedores em reaprender sobre como conviver com as inovações. "Estamos frente a frente com sistemas que aprendem, em uma escala que a gente não pensou que fosse acontecer no curto prazo", observa ele.

O grande desafio das organizações não é aprender inteligência artificial, mas com Inteligência artificial, em um universo onde aprender mais rápido passou a ser o único diferencial competitivo.
Silvio Meira, cientista-chefe da TDS.company,

Integração das empresas com a inteligência artificial é urgente. "Reaprender a aprender nunca foi uma demanda tão gigantesca e urgente no mundo. Ainda temos tempo, mas não tanto tempo", alerta Meira. O cientista ressalta que há oportunidades de negócio "chegando na mesma hora para todos os mercados e geografias".

Continua após a publicidade

Revolução das ferramentas aproximou empresas de todos os portes. "Hoje, um único empreendedor individual pode ter uma tecnologia que há cinco ou dez anos custava centenas de milhares de dólares, e a competição ficava até muito desigual", destaca Ramos ao citar o exemplo do ChatGPT, disponível para qualquer pessoa com acesso à internet.

Inteligência artificial é citada como um dos grandes acontecimentos da história. Para Bruno Quick, diretor técnico do Sebrae Nacional, a produção da tecnologia já determina a capacidade de crescimento dos países. "Hoje, IA, assim como aconteceu com a energia nuclear, as indústrias aeronáutica e espacial e a capacidade de levar um satélite, define o patamar da geopolítica", afirma.

Algumas áreas da ciência e do conhecimento habilitam os países a entrar em algum patamar para além do PIB. A IA é uma delas. Os Estados Unidos estão na frente, a China, a Europa e a França estão encabeçando o processo.
Bruno Quick, diretor técnico do Sebrae Nacional

Desafios

Capacitação profissional é encarada como barreira para o setor. Com a substituição de algumas categorias dada como certa com o avanço da inteligência artificial, especialistas defendem políticas para ampliar a capacidade dos trabalhadores. "Profissões serão extintas, como aconteceu ao longo de todas a história da humanidade, mas novas habilidades também precisam ser criadas", diz Ramos.

Nosso grande receio é ter pessoas que não são desempregadas, mas que não têm habilidades necessárias para atender às vagas.
Diego Ramos, presidente da Acate

Continua após a publicidade

A percepção é partilhada pelo levantamento do Sebrae. O Founders Overview 2024 destaca a ecasses de talentos qualificados como o principal entrave, citado por um em cada quatro empreendedores (25,5%). Na sequência, aparecem o custo de implementação (22,4%) a dificuldade de integração com outros sistemas (13,9%) e a resistência interna (3,9%).

Regulamentação da IA ainda é dúvida para o ambiente de negócios. As normas e definições éticas estão na mesa de discussões dos empreendedores e do Congresso Nacional. "No nosso setor, primeiro vem a disrupção para depois toda a questão de ética e regulação", afirma o presidente da Acate.

*O repórter viajou a convite do Sebrae

Deixe seu comentário

Só para assinantes