Bolsa terceira máxima histórica nominal seguida e dólar cai
A Bolsa de Valores de São Paulo fechou nesta quarta-feira (21) em alta de 0,28%, com o Ibovespa chegando a 136.463 pontos, depois que ata do Fomc, o Comitê de Política Monetária (Copom) dos EUA saiu praticamente prometendo um corte de juros em setembro. É a terceira máxima histórica nominal seguida. Em agosto, o Ibovespa tem 7,12% de alta.
O dólar, por sua vez, tinha queda mas sofreu um pico de alta por volta das 15h e voltou a cair. Terminou o dia em baixa de 0,07%, com o comercial indo a R$ 5,481 e o dólar turismo cotado a R$ 5,690 (venda).
O que aconteceu
O mercado se surpreendeu com o tom "bonzinho demais" da ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), do Federal Reserve, o banco central dos EUA. A ata diz que, na última reunião do comitê, no final de julho, a "grande maioria" dos participantes "observou que, se os dados continuassem chegando conforme o esperado, provavelmente seria apropriado flexibilizar a política na próxima reunião."
Houve um grupo que queria cortes já em julho em vez de esperar até setembro. Embora todos integrantes do Fomc tenham votado para manter as taxas estáveis, o documento declarou que "vários observaram que o progresso recente na inflação e os aumentos na taxa de desemprego forneceram um caso plausível para reduzir a faixa-alvo em 25 pontos-base nesta reunião ou que eles poderiam ter apoiado tal decisão."
A ata não mexeu com o Ibovespa, que já vinha subindo. "Também não trouxe nenhuma novidade que fosse suficiente para alterar os ânimos do mercado", disse Fabio Louzada, economista e fundador da Eu me banco.
Nos últimos 12 pregões, a Bolsa só teve baixa em um, na sexta-feira (16). Esse rally de alta acontece porque desde que se começou a temer que a economia americana poderia entrar em recessão, o mercado passou a dar como certo e necessário um corte de juros em setembro pelo Fed, o bc dos EUA.
Outro dado que corrobora a expectativa de cortes foi a revisão de dados de empregos, divulgada pela manhã. O Bureau of Labor Statistics (BLS) publicou que a economia americana criou 818 mil empregos a menos do que o último levantamento. No período de 12 meses até março de 2024, o crescimento real do emprego foi quase 30% menor do que os 2,9 milhões relatados inicialmente de abril de 2023 a março do ano seguinte. A criação de empregos foi de mais de 2 milhões de vagas.
Essa revisão é feita uma vez por ano. O BLS compara o nível de emprego de março ao Censo Trimestral de Emprego e Salários (QCEW), que se baseia em registros de impostos estaduais de seguro-desemprego e cobre quase todos os postos de trabalho dos EUA.
O que esses números querem dizer?
Que o mercado de trabalho dos EUA não está tão forte. Estimativas indicavam até um milhão de vagas a menos. Isso reafirma a necessidade de um corte de juros pelo Fed (o Federal Resrve, o banco central dos EUA) para evitar uma recessão na maior economia do mundo.
Depois de amanhã, na sexta (23) o presidente do Fed, Jerome Powell discursa no simpósio de Jackson Hole. O mercado está ansioso para ouvir o que ele vai dizer sobre juros e possibilidade de recessão.
E porque o dólar subiu e desceu?
O dólar perdeu força hoje ante a maioria das moedas. Por isso, vinha se desvalorizando para o real aqui também. Mas teve um pique de alta no meio da tarde. Isso aconteceu logo que saiu a ata do Fomc porque o mercado, animado com o corte de juros nos EUA, insiste numa possibilidade de alta da taxa de juros brasileira. "Isso pesa e desvaloriza o real", diz Ariane Benedito, economista especialista em mercados de capitais. Entretanto, como não houve maiores acontecimentos que segurassem a cotação em alta, ela foi arrefecendo.
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