Máquinas de arroz impulsionam vendas e Expointer tem faturamento de R$ 8 bi

Por uma margem pequena de 1,41%, a 47ª edição da Expointer, tradicional feira do agronegócio no Rio Grande do Sul, superou o total de vendas registrado no ano anterior. Em 2023, a edição da feira havia batido um recorde. Agora, repetiu o feito chegando ao montante de R$ 8,1 bilhões comercializados em nove dias.

O setor de máquinas e implementos agrícolas, sempre responsável pela maior parte das vendas, chegou a R$ 7,39 bilhões em intenções de negócio, meio porcento a mais do que no ano anterior. As informações foram apresentadas pelo governo do estado e entidades copromotoras da feira neste domingo (1º), durante o encerramento.

Temos dois setores que puxaram as vendas, o pessoal do arroz e o pessoal da linha amarela, reconstrução de estradas, casas. No ano passado, ainda era soja e milho. Mesmo sendo um otimista, eu não esperava. O setor não vinha vendendo bem, talvez o comprador estivesse guardando sua energia e sua verba para esperar lançamentos, o que sempre acontece na Expointer.
Claudio Bier, presidente do Simers (Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas no Rio Grande do Sul)

Máquinas agrícolas puxam vendas

Em torno de 65% das máquinas agrícolas fabricadas no Brasil vêm de parques fabris do Rio Grande do Sul. É o que afirma Bier, que também preside a Fiergs (Federação das Indústrias do RS).

Os produtores de arroz atravessaram anos de crise e vem agora de boa produção e melhora no preço do produto, o que pode ter impulsionado as vendas para o setor. Enquanto os de soja, muitos impactados pelos prejuízos da catástrofe climática de maio e na sequência de estiagens, diminuíram o ritmo.

O arroz é um produto que está com um bom preço de comercialização. Então, como o preço da soja está baixo, há pessoas dentro do estado migrando da soja para o arroz, em regiões de várzea, onde é possível plantar arroz. Já houve períodos em que o contrário ocorreu.
Diego Sousa, gerente comercial da Agrimec Implementos Agrícolas

A empresa de 50 anos, de Santa Maria, na região central do estado, produz máquinas para a linha do arroz, do plantio à colheita. Antes do fim da feira, já não tinha produtos a pronta entrega. ''Não temos alguns modelos para entregar como a plaina niveladora, que é uma máquina de preparo. Estamos trabalhando sábado, domingo, tem máquinas operando 24 horas e não estão dando conta'', afirma ele. ''Taipadeira também, que faz as curvas de nível para o arroz, é um produto bem procurado. O pessoal chegou na feira pedindo a pronta-entrega, mas não tem.''

A empresa também vende máquinas da chamada linha amarela. São máquinas pesadas usadas em obras e trabalhos de infraestrutura, como retroescavadeiras, outra demanda significativa na feira depois da catástrofe climática de maio, a maior da história do Rio Grande do Sul.

Continua após a publicidade

A Semeato também fez uma boa avaliação dos negócios deste ano. A empresa, de Passo Fundo, região norte do estado, produz uma das planteiras líder no plantio de arroz, o modelo TDNG. Segundo a empresa, a Expointer é a segunda feira mais importante no calendário deles, atrás da Expodireto, em Não Me Toque (RS), feira do agro voltada ao plantio direto.

Viemos com a expectativa baixa, foi difícil decidir se iria acontecer ou não, mas a feira está surpreendendo positivamente. Vieram muitas pessoas buscando novidades, entendendo sobre tecnologia, vendo como estão as diferenças, o que tem de inovação.
Luana Santos, coordenadora de marketing da empresa

Balanço da Expointer

Ainda, segundo os dados divulgados no encerramento, as vendas e leilões de animais chegaram a R$18,9 milhões. O Pavilhão da Agricultura Familiar, favorito do público e com movimento intenso diário, vendeu R$10,8 milhões. A parte de carros também aumentou em 25% as vendas, com R$ 592 milhões.

O BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul) passou os números da edição anterior com R$ 647 milhões em negócios durante a feira. O que representou, 25% a mais do que em 2023. Metade do valor é para unidades de produção e armazenagem de grãos, enquanto outros 33% são demandas de financiamento em obras e instalações.

O número de visitantes, porém, ficou baixo do recorde alcançado em 2023, segundo estimativa inicial. Enquanto no ano passado foram registrados 822.340 pessoas no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, até às 10h de domingo foram registrados 662 mil visitantes.

Continua após a publicidade

Entre os motivos, na avaliação dos organizadores, estão questões de logística. As estações do Trensurb em Porto Alegre ainda sem funcionamento devido às enchentes podem ter impactado no público. O trem de gestão federal liga a capital gaúcha a cidades da região metropolitana.

Pós-catástrofe

Faturamento superou as projeções. Embora tentassem evitar projetar expectativas no início da feira, os promotores estimavam que o volume de vendas deste ano girasse entre R$ 5 bilhões e R$ 8 bilhões, margem levemente ultrapassada.

A feira usou como slogan em 2024 ''Superar é da nossa natureza''. Também foi anunciada como uma Expointer da superação e retomada em falas oficiais antes e durante o evento. O próprio parque onde ela acontece, em Esteio, foi inundado e precisou de obras para ser recuperado a tempo do evento.

Relação entre o RS e Brasília. Após visita e anúncio de ministros do governo Lula durante a feira, entre eles o titular da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, que anunciou um novo prazo para negociação de dívidas de produtores rurais em breve, o governador Eduardo Leite (PSDB) respondeu sobre a relação do Rio Grande do Sul com Brasília.

Após troca de farpas, governador fala em 'elogio'. "Quando essas soluções vieram em forma de anúncios que não se efetivaram ou que entendemos que tinham mais publicidade do que eventualmente estava chegando na ponta, nós cobramos, nós demandamos. Quando se transformaram em ações concretas, a gente agradece, elogia'', disse o governador, citando como exemplo o anúncio feito na sexta.

Deixe seu comentário

Só para assinantes