Bolsa sobe e dólar cai com Haddad e Campos Neto defendendo Arcabouço Fiscal

A Bolsa de Valores de São Paulo fechou nesta quinta-feira (24) em alta de 0,65%, com o Ibovespa indo a 130.066 pontos, depois de oscilar bastante. Após declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto o índice, que estava entre o negativo e o positivo, firmou em alta e fechou com valorização — a primeira depois de cinco pregões no vermelho.

O dólar, que tinha alta, também trocou de sinal e finalizou o dia em baixa de 0,52%, indo a R$ 5,663. O dólar turismo voltou a R$ 5,89.

O que aconteceu

Declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto fizeram a Bolsa e o dólar mudarem de direção. Lado a lado, as duas autoridades participaram de reunião do G20 em Washington, nos Estados Unidos, nesta quinta-feira (24) e responderam perguntas de jornalistas.

Campos Neto disse que a Covid-19 custou caro para a economia mundial e por isso muitos países, como o Brasil, enfrentam agora um risco fiscal. "Mas eu acho que os prêmios que o mercado está cobrando estão um pouco exagerados agora", afirmou o presidente do BC.

Haddad disse que existem medidas em estudo para reforçar o arcabouço fiscal. "A gente entende que vamos ter alguns anúncios no curto prazo que vão endereçar em parte essa reação do mercado em relação ao tema fiscal", afirmou o ministro. Campos Neto, sem dar detalhes, também falou que essa medidas serão anunciadas no curto prazo.

Se há necessidade de reforçar parâmetros para que o arcabouço fiscal se sustente, esse é o caminho que trilharemos

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad

Os investidores gostaram das declarações. "De forma geral, a fala foi bem recebida pelo mercado. Taxas de câmbio andam de lado, mas as taxas de juros futuros todas caindo. A interpretação de risco fiscal diminuiu ligeiramente", disse diz André Galhardo, consultor econômico da plataforma de transferências internacionais Remessa Online.

Vale

Outro fator que ajudou na virada foram as apostas de investidores no balanço da Vale (VALE3). A mineradora divulga nesta quinta, depois do fechamento do mercado, os números do terceiro trimestre. Alguns investidores compraram o ativo esperando uma valorização no pregão de amanhã, caso as informações sejam positivas.

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Com isso, a ação teve alta de 0,45%, indo a R$ 59,62, conforme dados preliminares. Apesar do resultado da companhia estar sendo impactado pela queda nos preços do minério de ferro, os investidores acreditam que melhoras operacionais podem salvar o balanço. "Dessa forma, consideramos as ações como atrativas e recomendamos a compra; apesar de reconhecermos que as ações VALE3 não são as melhores opções de compra na Bolsa no momento", afirmou Rafael Lage, analista da CM Capital.

E o que mais influenciou o pregão?

A prévia da inflação foi um dado que gerou impacto negativo. O índice oficial saltou 0,54% em outubro, ante alta de 0,13% em setembro, mostram dados divulgados nesta quinta-feira (24) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). As expectativas sinalizavam para uma alta de 0,5%.

A desvalorização do real diante de uma economia americana mais forte que o esperado é um dos fatores que elevou a inflação aqui. Foi o que disse Antônio Ricciardi, da GO Associados. O dólar subindo eleva os preços aqui. E, segundo ele, fatores como a tensão no Oriente Médio (que tende a aumentar o preço do petróleo) só colocam mais fogo na fogueira do câmbio.

Dados de pedidos de auxílio desemprego nos EUA também agiram contra a Bolsa. O total caiu para 227 mil na semana. O conjunto de desempregados segurados subiu para 1,897 milhão nos sete dias encerrados em 12 de outubro. É o maior nível desde novembro de 2021. "Esses indicadores reforçam o cenário de que a economia dos Estados Unidos continua em um ritmo mais forte que o desejado", disse Galhardo, da Remessa Online.

Esses números colaboram para que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) faça cortes mais leves nos juros. "Um corte mais gradual nos juros americanos provavelmente contribuirá para manter o dólar em patamares elevados em comparação com os níveis observados algumas semanas atrás", disse Galhardo.

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Outra notícia que não teve impacto positivo foi a previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI) de que o Brasil só deva ter superávit primário a partir de 2027. O peso da dívida pública no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve saltar mais de 10 pontos porcentuais durante o governo Lula 3, segundo as projeções.

Ações x fusões

Papéis das empresas de educação Cogna (COGN3) e Yduqs (YDUQ3) tiveram alta após a publicação de um relatório sobre a possível fusão das duas empresas. Conforme dados preliminares, COGN3 subiu 4,93%, a R$ 1,49, enquanto YDUQ3 teve valorização de 2,13%, chegando a R$ 11,02.

Já as ações da farmacêutica Hypera (HYPE3) subiram 2,60%, chegando a R$ 28,03 (conforme dados preliminares). A Hypera anunciou nesta quinta que rejeitou, por unanimidade, a proposta de fusão que a EMS enviou no início da semana. A quantia proposta pela EMS "subestima significativamente o valor das operações da Hypera", comunicou a empresa. Além disso, a companhia acredita que o portfólio de produtos da EMS, focado em medicamentos genéricos, não está alinhado com o seu.

Mas a Hypera saiu no lucro. As ações da farmacêutica vinham em baixa de mais de 20% este ano. Com a oferta da EMS, elas tiveram alta de cerca de 9% somente desde segunda-feira (21). No mês de outubro, conforme a Economatica, os ganhos são de 4,16%.

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