Série do UOL ganha menção honrosa em prêmio internacional de investigação
Série de reportagens do UOL que revelou o armazenamento e a comercialização de dados de clientes e médicos por farmácias recebeu menção honrosa do Prêmio Latino-Americano de Jornalismo Investigativo Javier Valdez, considerado o mais importante da região.
O que aconteceu
O anúncio dos vencedores e a premiação ocorreram nesta sexta-feira (25), em Madri, Espanha. A autora das reportagens é a jornalista Amanda Rossi, do núcleo de investigação do UOL. Outras duas séries de reportagens brasileiras receberam menção honrosa: O Globo, que mostrou um esquema de espionagem ilegal da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), e a Sumaúma, que investigou corporações na Amazônia.
O prêmio avaliou 269 trabalhos de jornalismo investigativo da América Latina. O primeiro lugar foi concedido para reportagens do site Noticias Caracol, da Colômbia, que revelou a atuação clandestina do serviço secreto da Venezuela na Colômbia e no Chile, onde um opositor foi assassinado.
A primeira reportagem da série do UOL revelou o que está por trás da exigência do CPF nas farmácias. Publicada em setembro de 2023 com o título "O que a farmácia sabe sobre mim", a matéria provou que os dados de compras de remédios de 50 milhões de pessoas no Brasil são armazenados por até quinze anos. E que estão sendo comercializados com anunciantes. Esta reportagem também foi vencedora do Prêmio IREE de Jornalismo na categoria Economia e Negócios.
A segunda reportagem mostrou que dados das prescrições médicas são monitorados e vendidos para a indústria farmacêutica sem consentimento. A operação começa no balcão das farmácias, sem que o cliente saiba. Depois, os dados são consolidados para gerar um perfil de prescrições de cada médico. E, a seguir, são usados nas operações de marketing médico dos laboratórios, para tentar influenciar o que vai ser prescrito. A investigação foi publicada em dezembro de 2023.
A última reportagem da série revelou que, só em Minas Gerais, médicos receberam R$ 198 milhões da indústria farmacêutica. É o único estado do país que tem uma lei de transparência de pagamentos para profissionais de saúde. Os dados nunca tinham vindo a público. A publicação ocorreu em março deste ano.
Após as reportagens, o Ministério da Saúde emitiu nota dizendo repudiar a conduta da indústria farmacêutica revelada pelo UOL. A Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor), ligada ao Ministério da Justiça, pediu explicações para a maior rede de farmácias do país.
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