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Recurso contábil ajuda Braskem a cortar prejuízo no 2o tri

Roberta Vilas Boas

08/08/2013 10h31

SÃO PAULO, 8 Ago (Reuters) - A petroquímica Braskem reduziu o prejuízo líquido no segundo trimestre, ante igual período do ano passado, e evitou uma perda bilionária ao adotar recurso contábil de classificar parte de seus passivos em dólar como hedge de suas futuras exportações.

Ao mesmo tempo, a empresa sinalizou melhora nas expectativas operacionais, após registrar crescimento nas suas vendas no primeiro semestre. A empresa prevê agora que a demanda por resinas em toda a indústria no Brasil crescerá em torno de 7% neste ano, ante a previsão anterior de 5%.

A empresa encerrou o período de abril a junho de 2013 com prejuízo líquido de R$ 128 milhões, abaixo do resultado negativo de R$ 1,033 bilhão registrado um ano antes. Segundo a empresa, caso a operação de hedge não tivesse sido adotada, as perdas seriam de R$ 1,082 bilhão. No primeiro trimestre, a maior petroquímica da América Latina teve lucro de R$ 227 milhões.

A Braskem anunciou em julho que havia decidido classificar, a partir de 1º de maio, parte de seus passivos em dólar como hedge de suas futuras exportações em estratégia semelhante à adotada pela Petrobras.

O resultado da estratégia permitiu à companhia reduzir fortemente o impacto contábil negativo da desvalorização de 10% do real frente ao dólar para R$ 126 milhões. "Caso essa prática não tivesse sido adotada, esse impacto no resultado financeiro da Braskem teria sido negativo em R$ 1,5 bilhão", informou a companhia no balanço.

Embora considere que o quadro da economia global continua desafiador, a Braskem melhorou sua expectativa para demanda de resina no Brasil, em meio ao forte desempenho de alguns setores e após registrar crescimento de 14% nas vendas para o mercado interno no primeiro semestre, ante igual período de 2012.

"Tem setores que estão performando melhor, como infraestrutura e varejo, que no ano passado foram impactados pela questão da sacolinha, que nós conseguimos reverter", afirmou o presidente da empresa, Carlos Fadigas, a jornalistas, em referência a proibição as sacolas plásticas que chegou a vigorar nos supermercados em 2012.

Fadigas ressaltou que no primeiro semestre, com a valorização do câmbio e consequente aumento nos preços de resinas, clientes da empresa aproveitaram para estocar produtos, e por isso, o crescimento na demanda no restante do ano deve ser mais fraco. "O setor comprou a mais e estocou. Acredito que vai comprar menos (no segundo semestre), mas isso não vem da economia, e sim do consumo de estoques".

A empresa mantém a meta de investir R$ 2,2 bilhões neste ano, tendo já investido R$ 1,06 bilhão nos seis primeiros meses do ano.

Na divulgação de resultados, afirmando que o quadro da economia global continua "desafiador", a Braskem defendeu desoneração de matérias-primas do setor petroquímico, prevista por medida provisória publicada em maio, mas criticou a decisão do governo de não renovar a medida que eleva a alíquota de importação para diversos produtos-- entre eles, o polietileno.

"O Ministério da Fazenda já disse que não pretende renovar a medida, e isso tende a ter impacto no market share da Braskem", disse.

A companhia teve geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de R$ 1,051 bilhão no período, alta de 24% sobre um ano antes. A margem passou de 9,4% para 11%.

Preços

Segundo a companhia, menores preços médios de insumos como nafta e gás tiveram impactos positivos minimizados pela valorização do dólar. O custo de produtos vendidos acabou subindo 4% sobre o segundo trimestre de 2012.

Para o restante do ano, a Braskem vê estabilidade no preço da nafta em torno de US$ 800 a tonelada. No segundo trimestre deste ano, o preço médio da matéria-prima usada pela empresa ficou em US$ 831, ante US$ 945 por tonelada no trimestre imediatamente anterior.

A Braskem ainda apurou aumentos nas taxas de utilização de suas unidades produtivas de eteno, polietileno e polipropileno e também nos Estados Unidos e Europa, na comparação anual.

"O mercado brasileiro de resinas (PE, PP, PVC) atingiu 1,4 milhão de toneladas, uma alta de 10% em relação ao primeiro trimestre, influenciado pelo bom desempenho dos setores de agronegócio, automotivo e infraestrutura, bem como o reabastecimento de estoques", informou a companhia no balanço.