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Petrobras terá novos planos para 3 campos maduros aprovados neste ano, diz ANP

20/02/2015 13h31

Por Marta Nogueira

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras terá planos aprovados neste ano para melhorar a eficiência de três importantes áreas da Bacia de Campos, os quais poderão demandar elevados investimentos no combate ao declínio da produção de campos antigos, justamente em um momento em que luta para restabelecer a confiança do mercado, com a promessa de reduzir aportes e focar no pré-sal.

A ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) disse à agência de notícias Reuters que prevê analisar e aprovar em 2015 novos Planos de Desenvolvimento apresentados pela estatal para os campos de Barracuda, Caratinga e Espadarte.

As três áreas fazem parte de uma lista da ANP de campos com alta produtividade na Bacia de Campos, mas que estão produzindo menos que o potencial porque não estariam recebendo os investimentos adequados para o desenvolvimento da produção.

A autarquia determinou, há cerca de três anos, que a petroleira revisasse os planos para essas áreas. A agência acertou com a estatal um cronograma.

Além dos três campos, outras seis áreas tiveram seus planos reformulados, desde 2013, devido às exigências da agência: Roncador, Marlim Sul, Marlim Leste, Marlim, Albacora e Pampo.

As intervenções previstas, como perfurações, instalações de equipamentos e estudos das seis áreas, já estão em vigor.

Procurada, a Petrobras não apontou os resultados práticos esperados com a implementação dos planos em cada das áreas.

Em nota, a petroleira apontou melhorias a partir do Proef (Programa de Aumento da Eficiência Operacional), gerenciado pela empresa.

Segundo a petroleira, devido ao programa, a eficiência operacional alcançada da Bacia de Campos atingiu 80% em 2014, ante 75% em 2013, "contribuindo para compensar o declínio natural desses campos".

Juntos, os nove campos produzem mais de 1 milhão de barris de petróleo por dia, pouco menos da metade da atual produção da petroleira, de 2,192 milhões barris por dia.

"A Petrobras não estava seguindo os planos anteriores. A ANP começou a notificar a Petrobras sobre isso, até que os planos precisaram ser refeitos", analisou o professor do Instituto de Economia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e membro do Grupo de Economia de Energia do IE/UFRJ, Edmar Almeida.

"A produção estava aquém justamente porque o investimento não estava de acordo com o que estava descrito no plano original", disse o especialista.

Os planos de desenvolvimento revisados demandarão investimentos expressivos, segundo especialistas, já que deverão incluir novas perfurações de poços exploratórios, produtores e injetores, além da instalação de equipamentos e da realização de estudos geológicos para a avaliação de jazidas nas áreas.

Entretanto, as previsões de aportes necessários não são reveladas nem pela Petrobras nem pela ANP.

A Petrobras limitou-se a dizer que o Plano de Negócios e Gestão 2015-2019, no qual estão previstos investimentos para os próximos anos, está "em fase de consolidação".

"No caso da Bacia de Campos, o que a Petrobras está fazendo é vender participações, justamente para arrumar dinheiro para fazer os investimentos... Esse é um caminho que ela pode utilizar neste período agora", afirmou Almeida.

Declínio da Bacia de Campos

A Bacia de Campos teve leve declínio na extração nos últimos três anos, mesmo com a nova produção do seu pré-sal.

Em dezembro de 2014, sua produção registrou 1,800 milhão de barris de petróleo/dia (bpd), ante 1,847 milhão bpd em dezembro de 2011.

Por outro lado, a Bacia de Santos, com o impulso do pré-sal, teve sua produção multiplicada quase quatro vezes, para 488,105 mil bpd em dezembro passado, ante 128,982 mil três anos antes.

"Por ser uma bacia madura com grande quantidade de campos que já apresentam alta produção de água e expressivas movimentações de gás, [a Bacia de Campos] requer um maior acompanhamento nas eficiências operacionais das unidades", disse a agência em nota.

A produção do campo de Marlim --terceiro maior produtor de petróleo do país--, que segundo a ANP é uma das principais áreas em declínio, caiu 11,21% em dezembro de 2014 ante dezembro de 2011, para 198 mil barris de óleo/dia.

Na mesma comparação, o campo de Albacora, outro campo com expressivo declínio, viu sua produção reduzir em 23,68%, para 58 mil barris de petróleo por dia.

"Relativo a este grupo de campos em declínio, verifica-se um declínio médio atual da Bacia de Campos em torno de 10%", disse a agência.

Embora esteja exigindo da Petrobras investimentos extras nas áreas para melhoria da eficiência, a agência pondera que o declínio de 10% pode ser considerado um número aceitável, quando comparado com indicadores internacionais.

A autarquia explicou, no entanto, que o declínio de cada campo depende de características geológicas próprias, de modo que a ANP busca avaliar o controle do declínio de modo personalizado.