Agência de risco Moody's corta nota da Petrobras para grau especulativo
(Reuters) - A agência de classificação de risco Moody's rebaixou os ratings da Petrobras para grau especulativo por conta das investigações sobre corrupção e pressões de liquidez que podem resultar do atraso da divulgação das demonstrações financeiras auditadas, colocando ainda mais peso sobre a estatal que vive sua maior crise.
O rating da dívida em moeda estrangeira da Petrobras foi rebaixado em dois degraus, passando de Baa3, que é a última nota da escala da Moody's considerada grau de investimento, para Ba2. Além disso, a Moody's manteve a classificação da estatal em revisão para novo rebaixamento. Foi o segundo rebaixamento da Petrobras pela Moody's neste ano.
A petroleira estatal está no centro de um escândalo bilionário de corrupção, revelado na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, e considerado o maior da história do Brasil, envolvendo ex-funcionários, executivos de empreiteiras e políticos.
A perda do grau de investimento deve afastar ainda mais investidores de ativos da petroleira, apesar da estatal ainda manter o grau de investimento pelas agências Fitch e Standard and Poor's.
Em nota, a Petrobras disse que não tem a obrigação de quitar antecipadamente sua dívida por conta do rebaixamento ou perda do grau de investimento, que é uma das possibilidades caso a empresa atrase ainda mais a divulgação de seu resultado auditado do quarto trimestre.
"A Petrobras não possui covenants (obrigação de fazer) relacionados ao rebaixamento de rating por parte das agências classificadoras de risco ou relacionados à rating abaixo da classificação grau de investimento?, disse a estatal em nota.
Além da pressão de liquidez no curto prazo, a Moody's disse que o rebaixamento reflete a sua visão de que a empresa pode levar mais tempo do que o esperado anteriormente para reduzir a sua alavancagem, condição necessária para a melhora substancial do perfil financeiro da estatal.
A agência também afirmou que não percebeu "progresso substantivo" que poderia reduzir significativamente as preocupações com a possibilidade de a Petrobras ter que pagar antecipadamente sua dívida.
A Moody's "ainda não vê nenhuma garantia concreta de que as demonstrações auditadas estarão disponíveis em qualquer data específica".
A Petrobras disse no início deste mês que planeja divulgar o resultado do quarto trimestre auditado até o fim maio.
(Por Raquel Stenzel)
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