Impasse entre Grécia e credores se aprofunda após conversações fracassarem
Por Renee Maltezou e Andreas Rinke
ATENAS/BERLIM (Reuters) - A Grécia e seus credores endureceram suas posições nesta segunda-feira após o colapso das conversações que visavam evitar o default e a possível saída do euro, levando o comissário da Alemanha na União Europeia a dizer que chegou o momento de se preparar para um "estado de emergência".
O primeiro-minsitro da Grécia, Alexis Tsipras, ignorou pedidos de líderes europeus para agir rapidamente. Em vez disso ele culpou credores pelo rompimento no domingo das conversas de reformas em troca de recursos, o revés mais sério nas negociações que se arrastam para liberar ajuda ao país.
Atenas agora tem apenas duas semanas para encontrar um modo de sair do impasse antes de se ver diante de um pagamento de 1,6 bilhão de euros ao Fundo Monetário Internacional (FMI), potencialmente deixando o país sem dinheiro, sem poder tomar empréstimos e pendurado na beirada da zona do euro. A Alemanha e outras nações credoras exigiram que Atenas caia em si e ofereça novas propostas.
"Não irá funcionar a Grécia definir os termos e dizer 'todos têm que dançar acompanhando nossa música'. A Grécia precisa voltar à realidade", disse à TV o líder do partido da chanceler alemã, Angela Merkel, no Parlamento.
O ministro das Finanças da Bélgica, Johan Van Overtveldt, disse que a credibilidade da zona do euro será prejudicada e forças radicais em outros países serão encorajadas se os acordos passados com a Grécia forem alterados.
A Comissão Europeia disse que só irá retomar os esforços de mediação se a Grécia apresentar novas propostas, enquanto o porta-voz do governo grego disse que Atenas vai manter a rejeição a cortes em salários e pensões e a impostos maiores sobre produtos essenciais.
Apesar do aprofundamento da crise, Tsipras está mantendo uma visita planejada à Rússia a partir de quinta-feira, o dia que os ministros das Finanças da zona do euro fazem uma reunião crucial para analisar o impasse com a Grécia. A previsão é de que ele permaneça no país até sábado, participe de um fórum econômico em São Petersburgo e encontre-se com o presidente da Russia, Vladimir Putin.
O presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, disse que o BCE vai continuar aprovando empréstimos emergenciais aos bancos gregos enquanto eles continuarem solventes, mas que irá monitorar de perto se eles têm garantias suficientes.
Uma pesquisa da Reuters com operadores do mercado cambial de euro colocou as chances de a Grécia deixar a zona do euro em quase uma em cada três, acima do que foi previsto há apenas um mês.
"Deveríamos trabalhar em um plano de emergência pois a Grécia cairia em um estado de emergência", disse o comissário da Alemanha na UE, Guenther Oettinger. "Estoques de energia, pagamento para policiais, estoques de produtos médicos e farmacêuticos e muito mais" precisam ser garantidos.
Tsipras --o líder esquerdista de 40 anos eleito com a promessa de acabar com a austeridade-- deu poucos sinais de alarme, dizendo que está feliz em aguentar até que os credores pensem de outro modo.
"Vamos aguardar pacientemente até que as instituições voltem ao realismo", disse Tsipras ao jornal grego Efimerida ton Syntakton. "Não temos o direito de enterrar a democracia europeia onde ela nasceu."
O gabinete de Tsipras disse que a Grécia está pronta para retomar as conversas a qualquer momento e que aguarda um convite para isso.
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