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GM muda foco para ser menos global, mas mais rentável

06/03/2017 16h44

DETROIT (Reuters) - O acordo da General Motors para vender suas operações europeias ao grupo francês PSA dobrou as apostas de que a empresa norte-americana poderá ganhar sendo menos global e mais rentável em uma indústria automotiva cada vez mais dependente de software e serviços.

Sem a marca alemã Opel e a britânica Vauxhall, a GM no ano passado teria vendido cerca de 8,8 milhões de veículos, muito atrás da Volkswagen e da japonesa Toyota na corrida pela liderança mundial no setor.

A Opel e a Vauxhall combinadas venderam quase 1,2 milhão de veículos e geraram 18,7 bilhões de dólares em receita em 2016, cerca de 11 por cento do total da GM.

No entanto, toda a atividade da GM na Europa - os investimentos em novos projetos de modelos e motores mais limpos, os esforços para tornar as fábricas mais eficientes e os salários pagos a 38.000 funcionários - só geram perdas desde 1999.

A GM informou na segunda-feira que se não tivesse a Opel no ano passado e tivesse usado os 2 bilhões de dólares que a separação da unidade do resto do grupo vai liberar de suas reservas de caixa para recomprar ações, o lucro por ação teria aumentado 5 por cento, embora a receita seria 10 por cento menor.

Enquanto isso, o negócio na América do Norte tem crescido. As operações no mercado doméstico da GM renasceram como uma empresa menor devido em parte ao processo de recuperação liderado pelo governo dos EUA em 2009, com menos marcas, menos revendedores, menos funcionários e muito menos dinheiro devido a credores e aposentados.

Desde 2009, a gasolina barata tem impulsionado um boom nas vendas de segmentos lucrativos como o de caminhonetes e utilitários esportivos, elevando as margens do lucro antes de impostos da GM norte-americana para pouco acima de 10 por cento em 2016.

Para manter a máquina de lucro norte-americana acelerada, a GM deve investir em novos utilitários e caminhonetes, assim como em tecnologia cara que permitirá ao grupo atender aos crescentes objetivos governamentais de economia de combustível.

A decisão da GM de se afastar da Europa Ocidental destaca duas mudanças profundas desde 2009, quando a montadora não conseguiu vender a Opel para um grupo liderado pela canadense Magna International. A primeira é a China, agora o maior mercado de automóveis do mundo, com cerca de 28 milhões de veículos vendidos em 2016 e mais crescimento previsto por vir.

Além disso, também desde 2009 as montadoras começaram a correr para transformar carros em dispositivos elétricos inteligentes que são pagos por quilometragem em vez de comprados em planos de financiamento.

Questionada no mês passado se a GM precisava de uma reestruturação mais radical para impulsionar o preço de sua ação, a presidente-executiva da GM, Mary Barra, disse que "a maneira pela qual estamos investindo no futuro, que eu acho que é uma grande oportunidade, com o transporte como serviço" e "a oportunidade que tecnologia tem para transformar esta indústria" poderia mudar como a avaliação dos investidores sobre as ações da empresa.

A pressão de investidores para GM entregar retornos maiores aos acionistas tem forçado decisões difíceis, disse Barra e outros executivos da montadora norte-americana. A decisão de abandonar a Opel depois de quase 80 anos é a mais importante tomada até agora e o sucesso ou fracasso da aposta poderá definir seu legado.