Varejo do Brasil salta 1,2% em junho, acima do esperado, em meio a juros e inflação baixos
Por Thais Freitas
SÃO PAULO (Reuters) - O varejo brasileiro mostrou forte alta em junho, acima do esperado e influenciada sobretudo pelo avanço das vendas de bens duráveis, marcando o terceiro mês seguido de alta em meio a queda dos juros e inflação baixa.
As vendas no varejo subiram 1,2 por cento em junho sobre o mês anterior e 3 por cento na comparação com o mesmo período de 2016, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira. Com isso, o setor fechou o segundo trimestre de 2017 com alta de 2,5 por cento sobre igual período de 2016, melhor trimestre em 3 anos.
O resultado veio muito acima das estimativas dos analistas consultados pela Reuters, de alta de 0,40 por cento na comparação com maio e 1,90 por cento na anual.
"Foi o crescimento mais consistente desde 2014, porque não se via desde então 3 meses seguidos de alta na margem", afirmou a coordenadora da pesquisa, Isabella Nunes. "A queda nos juros está beneficiando a venda de bens duráveis", acrescentou ela.
Desde outubro passado o Banco Central vem reduzindo a taxa básica de juros, atualmente em 9,25 por cento, e já sinalizou que vai continuar com o movimento de queda. Juros mais baixos barateiam o crédito, ajudando a estimular o consumo num momento em que a inflação está baixa.
Segundo o IBGE, seis dos oito principais segmentos cresceram em junho, na comparação mensal, com destaque para Móveis e eletrodomésticos (+2,2 por cento); Tecidos, vestuário e calçados (+5,4 por cento); e Outros artigos de uso pessoal e doméstico (+2,7 por cento).
O varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, teve forte alta nas vendas de 2,5 por cento em junho sobre maio, segundo o IBGE.
"Houve melhoras no varejo, isso é evidente, mas ainda assim está 8,2 por cento abaixo do pico histórico de novembro de 2014", ressaltou a coordenadora do IBGE. "Há muito que recuperar ainda e isso está associado a queda de juros, inflação e outros fatores econômicos", acrescentou.
Veja as variações mensais dos segmentos no varejo (%):
Atividade Maio Junho
.Comércio Varejista +0,2 +1,2
1.Combustíveis e lubrificantes +1,1 +1,2
2.Hipermercados, supermercados,
produtos alimentícios e bebidas +1,1 -0,4
3.Tecidos, vestuário e calçados -8,5 +5,4
4.Móveis e eletrodomésticos +1,9 +2,2
5.Artigos farmacêuticos e perfumaria +0,8 +1,5
6.Livros, jornais e papelaria -5,0 +4,5
7.Equipamentos, material escritório
e comunicação 0,0 -2,6
8.Outros artigos de uso doméstico +0,4 +2,7
.Comércio Varejista Ampliado -0,2 +2,5
9.Veículos, motos, peças e partes +2,0 +3,8
10.Material de construção +2,1 +1,0
(Por Thaís Freitas e Rodrigo Viga Gaier; Edição de Patrícia Duarte)
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