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BC chegou a discutir benefícios de antecipar fim da redução dos juros, mostra ata do Copom

12/09/2017 11h34

Por Camila Moreira

SÃO PAULO (Reuters) - O Banco Central chegou a discutir os benefícios de antecipar oportunamente o fim do ciclo de redução dos juros, mas julgou mais benéfico sinalizar o encerramento gradual da flexibilização monetária diante das circunstâncias atuais de inflação baixa e indícios de recuperação econômica.

"Um processo gradual facilita a comunicação e permite o acúmulo de mais evidências sobre o comportamento da economia à época de encerramento do ciclo", apontou o BC por meio da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada nesta terça-feira.

"Avaliando as circunstâncias atuais, o Copom julgou conveniente sinalizar que, caso o cenário básico evolua conforme esperado no momento, o Comitê antevê encerramento gradual do atual ciclo de flexibilização monetária", completou o comunicado.

Na semana passada o BC cortou a taxa básica de juros novamente em 1 ponto percentual, levando-a a 8,25 por cento ao ano, e indicou que vai desacelerar o ritmo de reduções de forma gradual, mensagem reforçada na ata.

"A importância da ata é que ela explica melhor a estratégia gradualista do final do ciclo adotada pelo BC. Traz uma racionalidade sobre a estratégia adotada e reforma a comunicação já feita no dia da decisão", afirmou o economista-chefe da Votorantim Corretora, Roberto Padovani.

Os membros do Copom ainda repetiram que o processo de flexibilização monetária continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação.

"É curioso notar que a autoridade monetária quer enfatizar que uma abordagem teórica é uma opção --como se pretendesse nos lembrar que todas as opções estão em suas mãoes", concluíram em nota o economista-chefe Jankiel Santos e o economista sênior Flávio Serrano do banco Haitong.

Sobre a inflação, o BC destacou na ata a surpresa desinflacionária da queda intensa dos preços dos alimentos, explicando que esse fator responde por parcela relevante da diferença entre as projeções de inflação para 2017 e a meta.

O IPCA acumula em 12 meses até agosto alta abaixo de 2,5 por cento, o que fica bem aquém do piso da meta oficial --de 4,5 por cento, com margem de 1,5 ponto percentual.

Os membros do Copom, porém, avaliaram que os níveis baixos de inflação vêm melhorando o poder de compra da população, o que contribui para a retomada da economia e gradualmente levará a inflação em direção à meta ao longo de 2018.

No comunicado da decisão de política monetária, a autoridade monetária já havia diminuído a projeção de inflação pelo cenário de mercado para em torno de 3,3 por cento em 2017, de 3,6 por cento antes. Para 2018, a perspectiva de alta do IPCA subiu a 4,4 por cento, contra 4,3 por cento.

A mais recente pesquisa Focus que o BC realiza semanalmente com uma centena de economistas mostra que a expectativa é de um corte de 0,75 ponto percentual na Selic na reunião de outubro.

Contudo, os economistas consultados reduziram a projeção para a taxa básica de juros no final deste ano a 7 por cento, de 7,25 por cento antes, enquanto que para 2018 foi a 7,25 por cento, de 7,5 por cento.

Juros mais baixos podem ajudar a consolidar a recente melhora no consumo e no mercado de trabalho, que contribuiu para o crescimento econômico acima das expectativas no segundo trimestre.

O BC voltou a destacar, no entanto, que a questão fiscal permanece sendo um fator de risco. O governo buscar retomar as negociações no Congresso para que a reforma da Previdência seja aprovada.

"A aprovação e implementação das reformas, notadamente as de natureza fiscal, e de ajustes na economia brasileira são fundamentais para a sustentabilidade do ambiente com inflação baixa e estável, para o funcionamento pleno da política monetária e para a redução da taxa de juros estrutural da economia", apontou a ata.