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JBS suspende compras de gado em algumas praças após prisão de presidente, dizem fontes

13/09/2017 19h22

Por Ana Mano e Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - A companhia de alimentos JBS suspendeu temporariamente nesta quarta-feira compras de gado em algumas unidades do Brasil, no dia em que o presidente-executivo da companhia, Wesley Batista, foi preso em São Paulo como parte da operação Tendão de Aquiles, da Polícia Federal, disseram fontes do setor.

A prisão do executivo, integrante da família que é sócia majoritária do maior produtor de proteína animal do mundo, deixou o mercado de gado no Brasil apreensivo e em compasso de espera em relação aos desdobramentos do caso.

"Tem algum terror acontecendo (no mercado), alguma aversão a risco, e as plantas da JBS suspenderam suas compras", disse à Reuters a diretora da consultoria Agrifatto, Lygia Pimentel.

Outra fonte disse à Reuters, na condição de anonimato, que não havia oferta para compra de boi nas unidades da JBS nos municípios de Pontes e Lacerda e Juara, no Mato Grosso.

Procurada, a empresa informou que não comentaria o assunto.

A operação em que Wesley foi preso investiga supostos crimes financeiros que teriam sido cometidos por ele e pelo irmão Joesley, que também teve prisão decretada, mas já se encontra detido por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF).

Contudo, os preços no mercado de boi gordo em São Paulo, importante praça de negócios, fecharam nesta quarta-feira sem grandes mudanças, segundo a Scot Consultoria e dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

O mercado vinha sendo sustentado pela oferta mais restrita de animais para abate desde meados de agosto, com os preços avançando quase 10 por cento neste período, segundo Cepea.

Para Felippe Reis, analista da Scot Consultoria, os preços do boi não foram pressionados pelas notícias relacionadas à prisão de Wesley, nesta quarta-feira.

Reis notou um recuo de apenas 50 centavos por arroba de boi nesta quarta-feira, para cerca de 144 reais/arroba.

Segundo ele, a pressão de alta verificada no último mês vem perdendo força, o que pode ser atribuído a uma grande queda na margem de comercialização das indústrias.

Já o professor do Cepea (USP) Sérgio de Zen, especialista no setor pecuário, disse que num primeiro momento é difícil avaliar o impacto no mercado da prisão do principal do executivo da maior companhia do setor do Brasil.

"Dificilmente hoje vai ter algo concreto, o que cria é uma certa desconfiança dos agentes... Hoje está todo mundo esperando mais notícias, isso é natural, a gente vai ter mais notícias nos próximos três a quatro dias", afirmou Zen.

O especialista lembrou ainda que a JBS ainda não havia voltado ao nível de compras de gado anterior à divulgação das gravações de Joesley contra o presidente Michel Temer, em maio.