Forças Armadas reforçam segurança na favela da Rocinha, no Rio, após tiroteios
RIO DE JANEIRO (Reuters) - As Forças Armadas vão iniciar nesta sexta-feira um cerco à favela da Rocinha para tentar acabar com a violência que se instalou na comunidade da zona sul do Rio de Janeiro desde o fim de semana.
O pedido de ajuda às tropas federais foi feito pelo governo do Estado nesta manhã, quando ocorreu um novo e intenso confronto na comunidade localizada ao lado de algumas das áreas mais valorizadas da cidade.
Inicialmente será enviado um efetivo de 950 homens da polícia do Exército para impor o cerco, e a mobilização dos militares pode ser ampliada em caso de nova solicitação das autoridades de segurança do Estado, de acordo com o ministro da Defesa, Raul Jungmann.
"Nós estamos trabalhando harmonicamente e vamos continuar atendendo às demandas que sejam feitas pela segurança do Rio de Janeiro", disse Jungmann a repórteres em Brasília.
"Continuamos à disposição do governo do Rio de Janeiro e das forças de segurança, e particularmente da população do Rio de Janeiro, que quer paz e quer segurança."
O clima é tenso na favela --considerada uma das maiores da América Latina e onde vivem cerca de 100 mil pessoas-- desde o fim de semana, quando acredita-se que mais de 60 criminosos invadiram a comunidade para tentar dominar o tráfico de drogas na região.
Houve ao menos quatro mortes e várias pessoas feridas desde então. O comércio e o serviço de transportes ficaram prejudicados pelo clima de tensão, além de escolas e creches sem funcionar ou operando parcialmente.
A polícia tem realizado operações na Rocinha desde o fim de semana, e na manhã desta sexta-feira houve registro de tiroteios tanto na comunidade como em outras favelas da cidade.
“Estava indo para o trabalho e de repente os policiais fecharam o túnel da Rocinha e começaram a circular de fuzil. Foi um pânico porque estava na boca da saída do túnel vendo a correria e ouvindo as rajadas de tiro. Estou tremendo até agora”, disse uma testemunha, que preferiu não ser identificada.
De acordo com o ministro da Defesa, há um efetivo de até 10 mil homens das Forças Armadas no Rio de Janeiro que poderia ser mobilizado. Além do reforço no número de tropas, o governo federal irá anunciar nos próximos dias "um amplo pacote" na área social para compor a ação de segurança no Rio de Janeiro, segundo Jungmann.
O governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) afirmou que a ação dos criminosos nesta sexta seria uma reação do comando do tráfico de drogas à ação da polícia.
“Nós não vamos recuar na Rocinha. Ontem descobrimos armamentos e drogas e estamos com indícios de traficantes na Rocinha. Tenho certeza que o que está ocorrendo é uma reação do tráfico”, disse a jornalistas o governador
O clima de guerra na cidade ocorre em meio ao Rock in Rio, evento que atrai muitos turistas e conta com a presença de diversas bandas do Brasil e do exterior.
(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier e Pedro Fonseca)
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