Vendas da Unilever desapontam com aumento da concorrência afetando grandes marcas
LONDRES (Reuters) - As vendas da Unilever no terceiro trimestre ficaram abaixo do esperado, com a empresa perdendo participação de mercado para concorrentes menores e diminuindo a esperança de que a oferta de aquisição abortada da Kraft Heinz provocasse uma rápida melhora.
As vendas aumentaram apenas 2,6 por cento, disse a empresa nesta quinta-feira, abaixo do crescimento médio de 3,9 por cento esperado por analistas e dos 3 por cento observados no primeiro semestre do ano.
A empresa culpou o mau tempo na Europa, furacões nos Estados Unidos e terremotos no México por interrupções nas vendas. Mas também citou a crescente ameaça de concorrentes locais em mercados como o de sorvetes nos EUA e de cuidados pessoais do Sudeste Asiático.
A Unilever elevou a sua meta de rentabilidade em julho, mas havia certa preocupação de que gastos menores em marketing pudessem impactar negativamente as vendas.
"Nossa competitividade diminuiu um pouco", disse o vice-presidente financeiro da Unilever, Graeme Pitkethly. A empresa está ganhando participação de mercado em apenas cerca de metade dos seus negócios, disse ele, abaixo dos cerca de 60 por cento em anos anteriores.
A rival suíça Nestlé reportou crescimento das vendas no terceiro trimestre na quinta-feira, mas disse que o aumento dos custos de reestruturação pesaria nas margens.
"A vida está se tornando mais difícil para os gigantes de bens de consumo, à medida que a concorrência de empresas menores e mais ágeis se intensifica e a preferência dos consumidores se desloca para marcas de nicho e alternativas", disse Charlie Higgins, gerente de fundo da Hargreaves Lansdown, que possui ações da Unilever.
O negócio de sorvetes da Unilever, que inclui as marcas Ben & Jerry's e Wall's, registrou declínio de dois dígitos na Europa, por causa do mau tempo e está perdendo participação de mercado nos Estados Unidos com uma nova marca, a Halo Top.
A Unilever reduziu suas despesas de publicidade e marketing em 130 pontos básicos no primeiro semestre do ano, em um esforço para reduzir os custos na sequência da oferta da Kraft, e um analista disse que isso pode ter prejudicado suas vendas agora.
"Em nossa opinião, as sementes do pobre desempenho do terceiro trimestre em relação às expectativas foram plantadas com a redução de gastos publicitários e promocionais no primeiro semestre ", disse James Edwardes Jones, analista da RBC Capital Markets.
"Enquanto as catástrofes naturais, sem dúvida, desempenharam um papel, o fato é que o desempenho da Unilever no trimestre veio abaixo das expectativas em todas as regiões geográficas."
O faturamento recuou 1,6 por cento, prejudicado por um impacto cambial de 5,1 por cento, informou a empresa.
Excluindo o negócio de margarina que está à venda, as vendas aumentaram 2,8 por cento.
A empresa manteve sua previsão para o ano de crescimento das vendas de 3 a 5 por cento.
(Por Martinne Geller)
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