Funaro diz que Temer recebeu propina do grupo Bertin em 2010
Por Ricardo Brito e Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O empresário Lúcio Funaro afirmou nesta terça-feira que o presidente Michel Temer foi beneficiário de um milionário repasse irregular feito pelo grupo Bertin durante a campanha eleitoral de 2010, quando o peemedebista candidatou-se a vice-presidente na chapa encabeçada pela petista Dilma Rousseff.
Funaro, que firmou acordo de delação premiada que implicou Temer, é réu em uma ação que corre na Justiça Federal de Brasília que apura irregularidades na Caixa Econômica Federal.
O grupo Bertin teria conseguido a liberação de créditos do banco, de acordo com as investigações, mediante o pagamento de propina. Parte desses recursos, conforme o empresário, ocorreu na forma de doações eleitorais. Ele disse ter presenciado essas tratativas.
Segundo Funaro, no rateio dos recursos, foram destinados cerca de 2 milhões de reais a Temer. Também houve acertos para os agora ex-deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Cândido Vaccarezza (Avante-SP), que na ocasião estava no PT e era líder do governo na Câmara do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Se não me engano, o deputado Eduardo Cunha ficou com 1 milhão, (outros) 2 milhões, 2,5 milhões foram destinados ao presidente Michel Temer e um valor de, acho que 1 milhão, 1,5 milhão ao deputado Candido Vaccarezza", disse.
O empresário disse que os detalhes dessa operação constam de uma agenda pessoal e outra de Natalino Bertin que tinham sido apreendidas.
Em nota, a Secretaria de Comunicação da Presidência disse que Temer contesta "de forma categórica qualquer envolvimento de seu nome em negócios escusos, ainda mais partindo de um delator que já mentiu outras vezes à Justiça".
"Em 2010, o PMDB recebeu 1,5 milhão de reais em três parcelas de 500 mil reais como doação oficial à campanha, declarados na prestação de contas do Diretório Nacional do partido entregue ao TSE. Os valores não têm relação com financiamento do FI FGTS", afirmou a nota.
Na semana passada, Funaro havia acusado Temer de saber do esquema de corrupção na Caixa. O presidente também nega qualquer ciência desses supostos ilícitos.
MOREIRA FRANCO
Funaro afirmou que o atual ministro da Secretaria Geral da Presidência e então um dos vice vice-presidentes da Caixa, Moreira Franco, recebeu propina em outra negociação para liberar recursos do FI-FGTS que favoreceriam ao grupo Bertin. Ele referia-se a uma operação do grupo em que a Petrobras chegou a atuar como sócia, que possivelmente ocorreu entre os anos de 2011 ou 2012.
"Essa operação tenho certeza que (Moreira) recebeu dinheiro", assegurou Funaro.
A assessoria de imprensa do ministro rechaçou as acusações feitas pelo empresário. "Uma pessoa que vive da delinquência necessariamente vive da mentira", rebateu.
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