Em operação de redução de danos, Temer divulga vídeo e reforça empenho pela reforma da Previdência
Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - Depois da péssima reação do mercado à ideia de que o governo poderia ter desistido de investir na reforma da Previdência, o presidente Michel Temer divulgou nesta terça-feira um vídeo para afirmar que está empenhado na negociação da proposta, em mais um movimento de redução de danos depois de ter passado a impressão que havia desistido das mudanças.
"Quero transmitir a ideia de que toda a minha energia está voltada para concluir a reforma da Previdência", disse o divulgar que a reforma é "fundamental".
No dia anterior, em reunião com os líderes da base aliada da Câmara, Temer disse que continuaria se empenhando pela reforma. "Embora a gente não consiga fazer todo o conjunto que a reforma propõe, quem sabe conseguimos fazer um avanço", disse.
Além disso, afirmou que se o Congresso não quiser aprovar a reforma da Previdência, “paciência”, acrescentando em seguida que continuará trabalhando para realizá-la.
“Se em um dado momento a sociedade não quer a reforma da Previdência, a mídia não quer a reforma da Previdência e a combate e, naturalmente, o Parlamento que ecoa as vozes da sociedade também não quiser aprová-la, paciência. Eu continuarei a trabalhar por ela”, disse Temer.
As declarações foram interpretadas como uma desistência do governo em investir na proposta e o mercado reagiu muito mal à ideia. O Ibovespa <.BVSP> caiu 2,55 por cento e fechou pela primeira vez abaixo dos 73 mil pontos em dois meses. [nL1N1ND1SO]
Nesta terça, o governo montou uma operação de redução de danos.
Além do vídeo de Temer defendendo a reforma e reafirmando seu empenho, ministros entraram na defesa do projeto.
"O governo está mantendo firme a sua posição da necessidade da realização de uma reforma da Previdência no país", disse o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, em um vídeo distribuído pelo Twitter. "Nós vamos insistir com nossos líderes, com nossos parlamentares que necessitamos indubitavelmente de uma reforma da Previdência."
Em São Paulo, onde participava de um seminário econômico, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, garantiu que o governo não irá recuar da proposta e que o presidente apenas reconheceu as dificuldades.
Em Montevidéu, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, engrossou o coro. "“Não temos todo o tempo do mundo para fazer o que se deve fazer. A reforma (da Previdência) tem que passar nos próximos meses para correr menos riscos no ano que vem", disse.
No vídeo, Temer disse ainda que o governo "cumpriu sua obrigação" e enviou a propostas e que tem conversado com os líderes no Congresso, vendo disposição para a aprovação das mudanças previdenciárias.
Na segunda e na terça, o presidente reuniu líderes da Câmara e do Senado e ouviu que da formas que está a reforma não será votada. O governo já admite se concentrar apenas na idade mínima e na igualdade entre o regime geral da Previdência e o dos servidores públicos, pontos mais palatáveis para o Congresso, e deixar o restante da reforma para o próximo governo.
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