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Venda de aço plano por distribuidores deve subir 4% a 5% em 2018 após 4 anos de queda

23/01/2018 15h10

Por Alberto Alerigi Jr.

SÃO PAULO (Reuters) - Os distribuidores de aços planos no Brasil esperam interromper uma série de quatro anos de queda nas vendas neste ano com um crescimento de 4 a 5 por cento, em um cenário amparado pela expectativa de expansão do PIB, apesar das incertezas em torno da reforma da Previdência e das eleições de outubro.

Segundo o Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), as vendas do setor este ano devem alcançar 3,094 milhões de toneladas, após queda de 2,6 por cento, para 2,961 milhões de toneladas, em 2017.

"A (reforma da) Previdência virou algo nonsense e isso contamina a confiança dos empresários.Vou investir em uma situação que de repente pode render um downgrade'? (corte na classificação de risco do país)", questionou o presidente do Inda, Carlos Loureiro, em entrevista a jornalistas nesta terça-feira. "A insensibilidade em torno deste assunto perturba muito", acrescentou.

A expectativa do Inda para as vendas de aço plano pelos distribuidores do país é baseada em uma previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,7 por cento em 2018.

A entidade representa 70 por cento do setor distribuidor de aço plano do país. Os distribuidores são responsáveis por um terço do consumo de aço consumido no Brasil, com o restante dividido entre indústria automotiva e de transformação, como a de eletrodomésticos.

Em dezembro, as vendas dos distribuidores de aço plano no país tiveram variação positiva de 0,1 por cento sobre o mesmo mês de 2016, a 221,2 mil toneladas, mas recuaram 13 por cento na comparação com novembro. As compras cresceram 5,9 por cento na base anual e caíram 22,5 por cento sobre novembro, a 214,1 mil toneladas.

A previsão do Inda para janeiro é de crescimento de cerca de 12 por cento nas vendas ante dezembro, com importações "muito baixas", disse Loureiro. Isso deve levar o estoque total do setor a cair de 900,4 mil toneladas em dezembro para 892,4 mil toneladas ao final deste mês, segundo as projeções do Inda.

"Não está compensando importar agora e foi isso que justificou os reajustes de preços promovidos pelas usinas neste mês", disse o presidente do Inda. As siderúrgicas Usiminas, CSN e ArcelorMittal Brasil elevaram preços em cerca de 12 por cento para os distribuidores em janeiro, após reajustes que totalizaram cerca de 30 por cento em 2017.

Loureiro afirmou que o preço praticado pelas usinas no Brasil está atualmente 10 a 12 por cento mais alto que o preço do aço importado, diferença conhecida no mercado como "prêmio". O percentual não colabora para novos reajustes das usinas no curto prazo, mas isso depende da estabilidade dos preços internacionais.

Segundo os dados do Inda, o spread --diferença entre o custo de matéria-prima e os preços- do aço plano está em 307,5 dólares por tonelada, número considerado alto por Loureiro. "As usinas chinesas estão tendo bom resultado com isso, a perspectiva dos próximos meses é que o preço (internacional do aço plano) não caia", afirmou.

Em dezembro as importações de aços planos pelo Brasil subiram 8 por cento sobre um ano antes, para 83,4 mil toneladas, o que levou a penetração de material importado no total vendido no país em 2017 para 13 por cento, ante 7,7 por cento em 2016. O destaque foram as importações de chapa grossa, material usado em obras como tubulações da indústria petróleo, cuja participação passou de 9,6 por cento para 28,3 por cento no ano passado.

As importações de laminados a quente, material usado na indústria de máquinas e equipamentos e que não foi alvo de imposição de sobretaxas na decisão da Câmara de Comércio Exterior (Camex) na semana passada, caíram 9,5 por cento em 2017, para 124,8 mil toneladas, segundo os dados do Inda.

"Se fosse implementada, a sobretaxa não traria diferença nenhuma", disse Loureiro. "Laminado a quente foi o único produto que teve queda de importação no ano passado", acrescentou. Ele ressaltou que o grande motivador da indústria siderúrgica nacional no passado foi o setor automotivo, que consome grande volume de aços galvanizados e teve crescimento de produção de 25 por cento.

"Vamos continuar importando galvanizado...Com a recuperação da indústria automotiva, a Usiminas está com produção toda vendida nos próximos meses. Há pouca disponibilidade de oferta (no Brasil). Tem algum espaço na CSN e na ArcelorMittal", disse Loureiro.