BC vê investimentos crescendo mais neste ano, mostra relatório de inflação
Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central manteve sua perspectiva de expansão da economia brasileira em 2,6 por cento este ano, mas passou a considerar que os investimentos terão maior papel nessa retomada, ao passo que o consumo do governo crescerá menos.
Segundo o Relatório Trimestral de Inflação publicado nesta quinta-feira, o BC passou a ver que Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), uma medida de investimento, vai crescer 4,1 por cento em 2018, ante 3 por cento previstos em dezembro.
Segundo o BC, essa melhora ocorreu devido "à trajetória favorável nos índices de confiança dos empresários, à redução do endividamento das empresas no sistema financeiro e aos efeitos do ciclo de flexibilização na política monetária".
Na semana passada, o BC cortou a Selic em 0,25 ponto percentual, ao menor patamar histórico de 6,5 por cento ao ano, e indicou que deve reduzir os juros básicos mais uma vez em maio antes de encerrar o ciclo de distensão, mensagem repetida no relatório e que pegou de surpresa boa parte dos agentes econômicos na semana passada, já que haviam se posicionado para o fim do ciclo de afrouxamento monetário agora.
"Importante observar que o cenário para o ano corrente mostra composição de crescimento mais equilibrada da demanda doméstica, com perspectiva de variação positiva dos investimentos, após quatro anos de contração", trouxe o BC.
Ao mesmo tempo, o BC cortou pela metade a perspectiva de crescimento do consumo do governo em 2018, a 0,5 por cento, atribuindo o movimento ao cenário fiscal corrente.
A projeção para expansão do consumo das famílias, por sua vez, foi mantida em 3 por cento, "em linha com expectativa de evolução favorável da massa salarial ampliada e do crédito à pessoa física".
A estimativa do BC para a atividade seguiu, com isso, mais modesta que a projetada pelo mercado e pelos demais membros da equipe econômica. Na pesquisa Focus mais recente, feita pelo BC junto a uma centena de economistas todas as semanas, a expectativa de alta do PIB é de 2,89 por cento em 2018, enquanto que ministérios da Fazenda e do Planejamento estimam avanço de 2,97 por cento.
JUROS
No relatório, o BC reforçou que a política monetária tem que reagir para assegurar que a inflação convirja para a meta numa velocidade adequada e ao mesmo tempo garantir que a conquista da inflação baixa perdure.
E reafirmou que um "estímulo monetário adicional" mitiga o risco de a inflação não convergir à meta oficial, em referência à nova redução da Selic indicada para maio. Segundo o BC, uma flexibilização monetária moderada adicional é vista neste momento como adequada.
O presidente do BC, Ilan Goldfajn, afirmou que as projeções para aumento de preços em 2019 e 2020 estão adequadas, mas que era preciso dar maior estímulo em 2018, que se encontram abaixo da meta.
"De fato achamos que pausar (a queda da Selic) por um período" é importante para avaliar riscos e evolução da inflação, disse Ilan a jornalistas, acrescentando que, no meio deste ano, o Copom estará majoritariamente focado em 2019. Os efeitos completos de decisões de política monetária demoram cerca de um ano para ocorrer.
Para a inflação medida pelo IPCA, o BC manteve sua projeção em 3,8 por cento para 2018 e 4,1 por cento para 2019, abaixo da meta e conforme divulgado na decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) na semana passada. Já para 2020, a estimativa passou a 4,0, sobre expectativa anterior de 4,1 por cento indicada em dezembro.
As metas oficiais de inflação são de 4,5 por cento este ano, 4,25 por cento em 2019 e 4,0 por cento em 2020, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
(Edição de Patrícia Duarte)
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