Tesouro pode atuar com BC, mas alta do dólar é movimento global, diz ministro
BRASÍLIA (Reuters) - Diante da forte pressão que os mercados financeiros vêm sofrendo nas últimas semanas, o Tesouro Nacional pode vir a atuar em conjunto com o Banco Central para trazer mais equilíbrio, disse o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, apesar de reconhecer que o movimento de valorização do dólar é global e que não poderá ser contido pelo governo.
"Temos os instrumentos e podemos agir em conjunto com o BC para prevenir, evitar volatilidade no mercado de câmbio e juros", afirmou Guardia em inglês, ao participar de conferência com a imprensa internacional.
O tom do ministro subiu um pouco em relação à sexta-feira, quando em entrevista à Reuters afirmou que a ação do Tesouro não seria mudada diante dos movimentos do mercado financeiro e após o BC anunciar intervenção mais forte.
A autoridade monetária reforçou, pela segunda semana consecutiva, a atuação no mercado de câmbio, triplicando a oferta de novos swaps cambiais e frisou que sua atuação no câmbio era separada da política monetária. E acrescentou que se reservava o direito de realizar atuações discricionárias caso necessário.
Na semana passada, o BC vendeu por dia apenas 5 mil novos swaps --equivalentes à venda futura de dólares. O dólar recuava cerca de 0,70% neste pregão, ao redor de R$ 3,70, depois de ter saltado para próximo de R$ 3,80 na semana passada.
"Não podemos mudar a direção do câmbio", afirmou Guardia, afirmando que nesse cenário o governo só pode agir para evitar a volatilidade. Ele reiterou que o processo de normalização da política monetária dos Estados Unidos tem pressionado os mercados cambiais, com temores de que os juros do país subam mais do que o esperado e afetem o fluxo global de capitais.
A última vez que o BC atuou em conjunto com o Tesouro foi há um ano, quando delações de executivos do grupo J&F atingiram em cheio o presidente Michel Temer. Naquele momento, o Tesouro suspendeu parte de seus leilões tradicionais, e fez diversas ações extraordinárias de compra e venda de títulos.
As taxas dos DIs, seguindo a tendência externa e do dólar, saltaram nas últimas semanas. O contrato com vencimento em janeiro de 2021, um dos mais líquidos, havia subido 0,96 ponto percentual só neste mês, até o pregão passado.
"O Tesouro não é responsável por atuar ou intervir no mercado de câmbio, mas como temos grande colchão de liquidez no Tesouro, nos dias em que temos maior volatilidade... o Tesouro pode não por mais pressão no mercado", afirmou Guardia.
O ministro destacou ainda que o Brasil tem forte proteção externa e boa capacidade para absorver eventuais impactos vindos de fora. Ele citou as elevadas reservas internacionais, baixa inflação, baixos juros e baixo déficit em transações correntes.
Guardia também disse esperar que a tensão comercial entre China e EUA arrefeça, mas pode que ela poderia criar oportunidades para o Brasil.
(Por Marcela Ayres e Bruno Federowski)
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