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Situação econômica do Brasil é diferente da Argentina e da Turquia, diz Guardia

21/06/2018 20h38

SÃO PAULO (Reuters) - Com posição externa "extremamente confortável" e baixo déficit em transações com o exterior, a economia brasileira está numa situação "completamente diferente" da Argentina e da Turquia, que recentemente enfrentaram forte queda de suas moedas, disse nesta quinta-feira (22) o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia.

"Ninguém está falando de crise cambial no Brasil", disse Guardia a repórteres, horas após se reunir com representantes do FMI (Fundo Monetário Internacional) e com o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, em Washington, DC.

"A situação da economia brasileira é completamente diferente da Argentina e completamente diferente da Turquia."

Segundo Guardia, o Brasil "não tem déficit em transação corrente, a Argentina tem, a Turquia tem". "Nós temos reservas internacionais equivalentes a 20% do PIB, então é uma situação completamente diferente".

Empréstimo de US$ 50 bilhões

A queda do peso argentino em maio levou Buenos Aires a pedir um empréstimo ao FMI, aprovado na véspera no valor de US$ 50 bilhões, com desembolso imediato de US$ 15 bilhões. Metade deste valor será usado para financiar o orçamento. O Banco Central argentino elevou os juros e anunciou medidas para frear a desvalorização de sua moeda.

Já a lira turca tornou-se uma das moedas de pior desempenho entre mercados emergentes, levando o banco central do país a também subir juros para frear a alta do dólar.

Os mercados emergentes enfrentam uma reversão do cenário global, diante das perspectivas de normalização da política monetária dos Estados Unidos e da União Europeia, após uma década de estímulo com juros baixos e compra de títulos públicos para estimular a economia mundial.

Tensão comercial

Outro fator que pesa na visão de investidores é a batalha comercial travada entre Estados Unidos e a China.

Afirmando que a "situação externa do Brasil está absolutamente sob controle", o Guardia disse que o estresse nos mercados de câmbio e juros "exigiu atuação coordenada do Banco Central e do Tesouro Nacional" para reduzir a volatilidade.

"Existe uma tendência, é importante dizer, de valorização do dólar... isso é um dado e quanto a isso não há Banco Central que possa se opor."

Após cair em janeiro, o dólar subiu contra o real em todos os meses seguintes, levando o BC a fazer leilões de contratos de swap cambial, equivalentes à venda futura de dólar, e manter uma ação permanente no mercado leiloando o equivalente a US$ 28,5 bilhões dos contratos, segundo dados da Reuters.

Ao mesmo tempo, o Tesouro Nacional vem fazendo leilões de compra e venda de títulos públicos de curto, médio e longo prazos para dar opções a investidores que querem se desfazer dos papéis ou adquirir notas como hedge contra inflação.

Como resultado, o dólar perdeu fôlego em junho. Depois de subir 6,16% em abril e 6,66% em maio, a moeda norte-americana terminou a sessão desta quinta-feira mantendo estabilidade neste mês, com pequena alta de 0,07%.

(Por Iuri Dantas)