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Reunião de caminhoneiros e empresários no STF sobre tabela de frete termina sem acordo

28/06/2018 15h05

Por Leonardo Goy

BRASÍLIA (Reuters) - Terminou sem acordo uma nova reunião no Supremo Tribunal Federal (STF) entre caminhoneiros e empresas que contratam os serviços de transporte de carga, em torno de uma tabela de preços mínimos para o frete rodoviário.

Segundo uma fonte do STF, com isso, o ministro que acompanha o caso, Luiz Fux, deve manter suspensas as liminares que questionam a tabela do frete pelo menos até o fim de agosto, quando está prevista uma audiência pública para discutir o assunto. O STF entra em recesso na próxima semana.

Apesar de ressaltar que não são as entidades representam os caminhoneiros que convocam uma eventual nova paralisação de motoristas, o presidente da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), Diumar Bueno, disse que “uma nova greve sempre é possível”.

"Já vivemos num clima de conquista da correção desse sistema (do frete), querer reverter ou mudar essa situação é jogar gasolina no fogo", disse Bueno.

Questionado sobre o cumprimento pelos transportadores da tabela atual, criada às pressas para o fim da greve dos caminhoneiros no final de maio e que segundo empresários eleva os custos com frete em dois dígitos percentuais, Bueno disse que "o mercado já está se adequando a uma nova realidade da política de contratação do serviço de frete"

"E não existe nenhum valor proposto (na tabela) que seja exorbitante. O valor é adequado, tanto é que muitas empresas já estão aplicando e o mercado está funcionando normalmente", disse ele, apesar de notícias publicadas pela imprensa afirmarem que a tabela não está sendo cumprida por transportadores.

Consultada, a Abcam, outra associação de caminhoneiros autônomos e uma das principais organizadoras da paralisação dos motoristas no final de maio, não participou da reunião e informou à Reuters que não vai apoiar uma nova paralisação para não prejudicar os rendimentos dos motoristas neste momento.

As entidades que representam as empresas que contratam o transporte de cargas resistem à ideia de uma tabela mínima obrigatória para o frete. Na semana passada, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) emitiu parecer contrário ao tabelamento, afirmando que a prática gera um resultado semelhante ao de um cartel. [nL1N1TK0M1]

A Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) apresentou na reunião desta quinta-feira estudo que mostra que o frete elevará em cerca de 12 por cento os preços de um conjunto de alimentos que representam 90 por cento da cesta básica.

Citando o estudo contratado junto à LCA Consultores, a CNA afirmou que, caso haja repasse integral do aumento do custo dos transportes, a inflação pode atingir o teto da meta para este ano, ficando entre 5 e 6 por cento.

(Edição Alberto Alerigi Jr.)