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Brandt diz que câmbio e eleições afetam planos de aquisições em fertilizantes no Brasil

14/08/2018 18h55

Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - A Brandt, multinacional do setor de fertilizantes com sede nos Estados Unidos, mantém um plano de crescimento no Brasil via aquisições e tem três contratos de confidencialidade com potenciais vendedores, mas avalia a situação atual do país como um empecilho para o fechamento de negócios.

"Está no nosso radar (aquisição). Mas com a desorganização da política, economia, câmbio... isso tem dificultado as avaliações das empresas", afirmou o diretor-presidente da Brandt no Brasil, Wladimir Chaga.

Ele comentou em encontro com jornalistas nesta terça-feira que a proximidade das eleições e as incertezas decorrentes do processo eleitoral também são fatores que dificultam o fechamento de acordos.

O executivo da Brandt, que atua no Brasil com fertilizantes foliares, disse que a empresa separou 100 milhões de reais para aquisições, mas ressaltou que a volatililidade no câmbio dificulta a correta avaliação dos ativos.

Além disso, o crescente interesse de estrangeiros e fundos pelo agronegócio tem valorizado os ativos disponíveis, o que é um outro fator que demanda cautela no fechamento de aquisições.

"O Brasil não está barato para quem quer investir no agronegócio e nem os preços das terras...", disse ele, apontando que em algumas áreas o valor do hectare no país está no mesmo patamar do norte-americano.

A Brandt, com sede em Springfield, no Estado de Illinois, também tem previsão de investimentos de 20 milhões de reais em uma nova fábrica, que será construída possivelmente no Paraná, onde está sua unidade administrativa.

Atualmente, a empresa tem uma unidade fabril em Olímpia, no interior de São Paulo, após aquisição da Target Fertilizantes, que marcou a chegada da empresa ao país, há três anos.

A utilização dos fertilizantes foliares, o principal produto da companhia no Brasil, pode render de 2 a 12 sacas a mais para uma lavoura de soja, na comparação com aquela que não usa o adubo, o que tem resultado em um importante índice de "recompra" do produtos da Brandt, disse o executivo.

A companhia, que tem como meta estar entre as dez maiores empresas de fertilizantes do Brasil, prevê atingir faturamento de 100 milhões de reais ao completar cinco anos no país.

O crescimento orgânico da Brandt no país tem sido baseado nos produtos cuja matéria-prima é trazida da unidade dos EUA para formulação no Brasil, com exceção de um adjuvante --óleo utilizado em diversas culturas que age na nutrição e no fortalecimento das plantas, ao permitir maior aderência de defensivos-- recém-lançado no país.

A empresa também está em processo de registro no Ministério da Agricultura de um produto que vai agir como um "protetor solar" para as culturas, permitindo melhor fotossíntese em altas temperaturas e maior tolerância à seca.

(Por Roberto Samora)