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Haddad nega que dará indulto a Lula e diz que ex-presidente quer provar inocência

18/09/2018 11h13

BRASÍLIA (Reuters) - O candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira que não dará indulto ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no caso de ser eleito, mas ressaltou mais uma vez que a possibilidade foi negada pelo próprio ex-presidente, que alega que quer ter sua inocência atestada pela Justiça.

Pressionado a responder objetivamente se daria indulto a Lula, a resposta de Haddad foi não. "Não. Não ao indulto", disse. Mas acrescentou que Lula sempre foi claro que não quer essa solução.

"Lula não vai abrir mão da defesa de sua inocência. Ele é o primeiro a dizer 'eu não quero favor, eu quero que os tribunais brasileiros e os fóruns internacionais reconheçam que eu fui vítima de um erro judiciário'. Isso não está em pauta", disse Haddad, em entrevista à rádio CBN e ao portal G1.

O candidato desautorizou o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, que no final de semana afirmou que Haddad teria como primeiro ato de governo conceder o indulto ao ex-presidente.

"Pimentel está concorrendo ao governo de Minas. Eu espero que ele seja eleito. Mas ele não tem a prerrogativa de dar ou não dar (o indulto). É o presidente que dá. Não falei com ele (sobre o assunto) nem antes nem depois", afirmou Haddad, acrescentando ainda que nunca conversou com ninguém do partido sobre o assunto. Apenas com Lula, esclareceu, depois que a imprensa começou a perguntar aos candidatos de todos os partidos se indultariam o ex-presidente no caso de serem eleitos.

Vários nomes do PT vem insistido na questão do indulto, mas Haddad tem mantido a resposta padrão de que Lula não quer. Pessoas próximas do candidato afirmam que ele não pretende comprar briga dentro do PT, mas mantém a posição acertada com o ex-presidente.

Haddad também foi questionado sobre as críticas que tem recebido do candidato do PDT, Ciro Gomes, com quem chegou a conversar sobre uma possível aliança antes das definições das candidaturas. O candidato afirmou que certamente apoiaria Ciro em um segundo turno e não responderia ataques feitos "no calor da eleição".

"Não tenho o estilo de fustigar uma pessoa que eu admiro. Essas coisas eu nem respondo", disse. "Eu gosto do Ciro, sou amigo dele, pretendo estar junto com ele nessa caminhada. Não deu no primeiro turno, vai dar no segundo. O Brasil está correndo risco de entrar numa nova aventura. Nós pertencemos ao mesmo campo político contra esse obscurantismo que hoje está vigente no país."

TARIFAS PÚBLICAS

Haddad voltou a dizer que não pretende represar os preços praticados pela Petrobras, mas também considera um erro o repasse automático das oscilações externas para o custo do combustível no Brasil, como faz o atual governo.

"A melhor política não pode usar a empresa para manipular preços para combater inflação, mas mão pode deixar de reconhecer o poder de monopólio da Petrobras", defendeu. "É preciso levar mais em consideração os custo de produção, que são internos e fazer um balizamento externo."

Haddad reconhece como um erro a política adotada nos últimos anos do governo da ex-presidente Dilma Rousseff de represar os preços da Petrobras para tentar controlar a inflação. Na sua visão, tentar conter o aumento de preços com controle de tarifas públicas é "irrealista".

"Você vai represando e uma hora a comporta abre e você não consegue controlar. Está adiando o problema e, em geral, onerando o orçamento público. Não é assim que se combate inflação", afirmou. "Se tem repique inflacionário, tem outras formas de corrigir do que por administração de preço público."

(Reportagem de Lisandra Paraguassu)