Campanha de Bolsonaro avalia que rejeição de mulheres "não se materializa", mas investe nesse eleitorado
Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - Aliados próximos do presidenciável do PSL, Jair Bolsonaro, afirmaram à Reuters que não há essa "suposta" discrepância no apoio do eleitorado feminino ao candidato, mas a campanha começou a divulgar, às vésperas de manifestações de rua, ações direcionadas para as mulheres a fim de buscar votos em um tentativa para garantir a eleição já no primeiro turno.
Nas redes sociais, Bolsonaro passou a apresentar com maior frequência entrevistas antigas e mensagens voltadas especificamente ao eleitorado feminino nesta reta final. Numa rara aparição na campanha, a mulher de Bolsonaro, Michelle, gravou um vídeo veiculado em redes sociais no qual comemorou o Dia do Surdo --ela é intérprete de Libras.
O presidenciável se recupera em um hospital de um atentado à faca que foi alvo no dia 6 de setembro e, como não deve participar de eventos de campanha no primeiro turno, tem usado as redes sociais.
O presidente em exercício do PSL e um dos principais integrantes da campanha, Gustavo Bebianno, afirmou que a divulgação dos vídeos de Bolsonaro com ação específica para o eleitorado feminino é só uma continuidade do trabalho que estava sendo feito.
Bebianno negou que seja uma reação às ações de mulheres contra o candidato e destacou que essa "suposta rejeição" dessa parcela do eleitorado "não se materializa no mundo real".
"Nós rodamos o Brasil aí -eu rodo o Brasil há um ano e meio com o candidato-- e o que a gente vê nas ruas, nos aeroportos, qualquer lugar público é um carinho imenso por parte das mulheres. Então esses vídeos foram uma produção longa, em que se falou de tudo, inclusive das mulheres, de tudo mais, economia, relação dele com a família. Aí nós editamos em pequenas pílulas e estamos soltando aos poucos", disse Bebianno à Reuters.
Ele afirmou que a "contraposição" às manifestações contra Bolsonaro é feita de "maneira orgânica e espontânea" por quem apoia o presidenciável, uma vez que a campanha é muito modesta, sem recursos e tem uma equipe muito pequena.
Questionado se o candidato do PSL tem preocupação específica com o eleitorado feminino, o presidente do partido respondeu: "Ele, em momento algum, se preocupa parecer algo de maneira artificial. É uma pessoa extremamente espontânea. Ele trabalha com a verdade nos olhos, nas palavras e eleitorado feminino, que é muito sensível, muito mais sensível do que o eleitorado masculino, sabe disso."
O presidente licenciado do PSL e outro aliado de Bolsonaro, Luciano Bivar, destacou que o candidato é o único que defende as mulheres e citou a atuação dele no combate intransigente dele em relação ao estupro.
Candidato a deputado federal em Pernambuco, Bivar disse que nas carreatas que têm participado sempre há um grande número de mulheres e questionou as futuras manifestações que pregam o voto contra o presidenciável do PSL, destacando o trabalho da campanha para tentar vencer no primeiro turno.
"Há um muito fake nessas informações", disse Bivar. "Tudo isso que está aí é fruto de um estabilshment que está sendo ameaçado e está se apegando a tudo. A gente não vê por parte disso aí nenhuma preocupação."
"Ainda estamos determinados a ganhar isso aí no primeiro turno. Vai definhar cada vez mais o Alckmin, a Marina e o Ciro, então praticamente vão ficar poucos votos para decidir isso aí já no primeiro turno", acrescentou o aliado.
Em entrevista à Reuters publicada na quinta-feira, o candidato a vice-presidente da chapa, o general Hamilton Mourão (PRTB), afirmou que a diferença nas intenções de voto por sexo que as pesquisas têm mostrado se deve ao fato de que “as mulheres levam mais tempo para se decidir”. [nL2N1WC1NF]
“Estão em cima do muro aguardando a semana que vem para tomarem essa decisão e por isso que há uma intenção de voto menor em relação às mulheres do que nos homens”, afirmou. “Você sabe que o homem quando entra numa loja ele vai lá e compra, acabou, a mulher leva um tempo para comprar, né? É a mesma lógica, a lógica é igual”, comparou.
Mourão negou que as intenções de voto da chapa entre as mulheres se deve às declarações dadas por Bolsonaro e por ele próprio —na semana passada disse que famílias sem pai e avô podem levar ao surgimento de uma “fábrica de elementos desestruturados” que “tendem a ingressar em narcoquadrilhas”.
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