Itália eleva meta de déficit e desafia UE
Por Giuseppe Fonte e Angelo Amante
ROMA (Reuters) - O novo governo da Itália propôs um orçamento para 2019 com um déficit três vezes maior do que sua meta anterior, estabelecendo um conflito com as regras da União Europeia e provocando a venda de títulos públicos.
A Itália tem a maior dívida entre as grandes economias da União Europeia, a 130 por cento do Produto Interno Bruto. O país está sob pressão da UE para conter seus gastos, em meio a temores de que a situação possa plantar as sementes de uma crise de dívida no coração da zona do euro.
Com quatro meses de atraso, o governo divulgou na quinta-feira um orçamento com déficit de 2,4 por cento do PIB para os próximos três anos, para financiar uma grande expansão dos gastos sociais, redução de impostos e um aumento no investimento em infraestrutura pública.
Isso representou uma vitória para os chefes do partido governista sobre o ministro da Economia, Giovanni Tria, um tecnocrata não-afiliado.
Inicialmente, Tria pretendia estabelecer um déficit de 1,6 por cento no próximo ano, na esperança de respeitar as exigências da União Europeia de que a Itália corte progressivamente o déficit fiscal para conter sua dívida.
O euro caiu com as notícias antes de ter uma leve recuperação. Os títulos italianos estavam a caminho de seu pior dia em três meses, enquanto as ações bancárias também recuavam, embora os temores de vendas generalizadas tenham sido evitados.
"Eles parecem estar em rota de colisão com Bruxelas", disse o estrategista de juros do ING, Martin van Vlie.
O comissário europeu de Economia, Pierre Moscovici, disse que nada seria obtido em um confronto com a Itália, mas acrescentou: "Nós também não temos interesse em que a Itália não respeite as regras e não reduza sua dívida, que permanece explosiva".
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