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Cenário global de oferta e demanda de celulose deve continuar apertado, diz Fibria

24/10/2018 11h49

SÃO PAULO (Reuters) - O mercado global de celulose deve continuar apertado nos próximos meses, diante da entrada de novas capacidades de produção de papel na China e em outras partes do mundo, afirmou nesta quarta-feira o diretor comercial da maior produtora de celulose de eucalipto do mundo, Fibria.

Segundo o diretor comercial da fabricante brasileira, Henri Philippe Van Keer, entre o terceiro e quarto trimestres deste ano a capacidade de produção global de papel deve subir em 5,1 milhão de toneladas e seguirá avançando no início do próximo ano. Enquanto isso, não se prevê início no curto e médio prazos de novas capacidades de produção de celulose.

"O resultado (da Fibria) neste trimestre (julho a setembro) comprova que a demanda mundial está extremamente boa... Sobre o quarto trimestre, não vemos por que a demanda irá baixar, pelo contrário, estamos analisando que vai ter um aumento fantástico de capacidade de papel principalmente na China e também no resto do mundo", disse Van Keer durante teleconferência da Fibria com jornalistas.

Mais cedo, a Fibria divulgou alta de 52 por cento no lucro líquido do terceiro trimestre na comparação anual e resultado operacional recorde.

Questionado sobre eventuais novos aumentos de preços de celulose, o executivo preferiu não comentar o assunto, mas citou como referência o cenário apertado na relação entre oferta e demanda do insumo no mundo. A analistas, o executivo estimou que a média de preços de 2019 deve ser maior que a deste ano.

O executivo atribuiu a atual situação de alta nos volumes de estoques globais de celulose ao aumento da capacidade de produção de papel e não excluiu que esse quadro possa eventualmente ser usado pelo mercado nos próximos meses para pressionar descontos nos preços do insumo.

"Continuamos achando que a economia mundial vai continuar positiva." Segundo Van Keer, a redução no crescimento do PIB da China no terceiro trimestre "não teve impacto ainda (no mercado de celulose). Falar que vai cair daqui para frente é especulação. O governo chinês já adiantou que vai dar suporte à economia local caso haja impacto", acrescentou.

Já o presidente-executivo da Fibria, Marcelo Castelli, afirmou que a companhia manterá até o final do ano a estratégia de redução de sua capacidade produtiva em Aracruz (ES) em 200 mil toneladas, em função de custos maiores com madeira. O corte na capacidade normal de produção de 2,3 milhões de toneladas foi anunciado há um ano.

Sobre 2019, a Fibria ainda esta avaliando se manterá a redução de capacidade em vigor.

As ações da Fibria exibiam alta de 0,6 por cento às 12h22, cotadas a 72,69 reais. No mesmo horário, o Ibovespa tinha queda de 1,6 por cento.

Questionado sobre a economia brasileira em 2019, após a definição do próximo governo, Castelli comentou que expectativas de crescimento de 2 a 2,5 por cento "talvez sejam muito mais em função de desejo, do que expectativas concretas. O Brasil chegou no fundo do poço... Quando tem uma mudança de governo, há uma período de confiança, de esperanças renovadas. Espera-se que o Brasil cresça com um pouco mais de robustez, mas não é certo se isso vai ser possível ou sustentável."

(Por Alberto Alerigi Jr.)