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A 3 dias da eleição, Haddad investe no Nordeste e na periferia

25/10/2018 20h41

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - A três dias do final da eleição, o candidato petista Fernando Haddad aposta em duas frentes para uma virada de última hora: a reconquista da base histórica do PT, a população mais pobre, e apoios mais efetivos de aliados como o pedetista Ciro Gomes, que chega na sexta-feira da Europa.

Haddad irá investir os últimos dias de campanha no Nordeste. Nesta quinta, foi a Recife --capital nordestina onde perdeu no primeiro turno, mas estaria recuperando espaço nesse segundo turno-- e na sexta vai a João Pessoa e Salvador.

A região foi a única em que o PT venceu Jair Bolsonaro no primeiro turno, mas as pesquisas mostraram uma migração de eleitores mais pobres para o candidato do PSL.

A campanha será encerrada com um evento em Heliópolis, uma das mais tradicionais comunidades da periferia de São Paulo.

A avaliação no comando da campanha, segundo uma fonte ouvida pela Reuters, é que o PT precisa voltar a conquistar seu eleitorado fiel e conversar com os mais pobres e com as periferias das grandes cidades, hoje assoladas pela violência e conquistadas por Bolsonaro.

Esta semana, em um evento no Rio de Janeiro, o rapper Mano Brown criticou a desconexão do PT com as periferias e afirmou que o partido não "estava falando a língua do povo". No dia seguinte, em entrevista, Haddad --que na sua tentativa de reeleição para a prefeitura, em 2016, perdeu na periferia da cidade-- concordou com a avaliação do músico.

"O que ele falou é a pura verdade. A gente tem que reconectar com a periferia, com a dor que as pessoas estão sofrendo", afirmou o petista.

Desde a semana passada, Haddad também tem batido em medidas que falam diretamente com a população mais pobre: prometeu aumento de 20 por cento aos beneficiários do programa Bolsa Família e reduzir o preço do gás de cozinha dos atuais 80 reais para 49 já nos primeiros dias de governo.

FRENTE POLÍTICA

Para além do investimento nas camadas de eleitores mais pobres, Haddad continua tentando, até os últimos momentos, obter apoios mais explícitos e investe em obter um sinal mais claro de Ciro Gomes, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno da eleição presidencial.

Nesta quinta, o petista ligou para o presidente do PDT, Carlos Lupi.

"Nós conversamos. Estou esperando Ciro chegar de viagem amanhã (sexta) para ver o que mais podemos fazer. Já declaramos apoio crítico, fizemos uma nota. Vai depender do que ele quiser fazer", disse Lupi à Reuters.

Pesquisa Datadolha divulgada nesta quinta-feira mostrou redução na vantagem de Bolsonaro sobre Haddad para 56 a 44 por cento, ante 59 a 41 por cento há uma semana.