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Ibovespa fecha em queda com realização de lucros e NY em baixa após recorde com eleição de Bolsonaro

29/10/2018 17h04

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em queda de mais de 2 por cento nesta segunda-feira, após bater máxima recorde intradia no começo do pregão, com investidores realizando lucros à espera de definições do novo governo do presidente eleito Jair Bolsonaro. A queda dos pregões de Wall Street chancelava o viés de baixa.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 2,24 por cento, a 83.796,71 pontos. Na máxima, subiu 3,10 por cento, para 88.377,16 pontos, superando o recorde anterior, de 88.317,83 pontos, apurado em fevereiro deste ano.

O volume financeiro do pregão totalizou 24,02 bilhões de reais, bastante acima da média diária de outubro, de 16,37 bilhões de reais. O giro recorde considerando pregões sem exercício de opções é de 28,97 bilhões de reais e foi registrado no último dia 8, após o primeiro turno da eleição.

Gestores ouvidos pela Reuters atrelaram a virada no pregão a movimentos de realização de lucros, uma vez que o Ibovespa acumulava alta de 8 por cento no mês até a última sexta-feira, sem ter a contrapartida de grandes compradores, em particular estrangeiros, e tendo como pano de fundo perdas em Nova York.

Dados disponibilizados pela B3 nesta segunda-feira mostraram saída líquida de capital externo do segmento Bovespa de 4,56 bilhões de reais em outubro até o dia 25.

Em Wall Street, o humor azedou após a agência Bloomberg noticiar que os Estados Unidos estão se preparando para anunciar tarifas sobre todos as importações remanescentes da China no início de dezembro se as negociações entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping falharem.

O S&P 500 <.SPX> fechou em baixa de 0,65 cento, recuperando-se das mínimas da sessão, marcada por volatilidade e quedas acentuadas também em empresas de tecnologia e internet como Amazon.com

A abertura mais positiva na bolsa paulista encontrou suporte na expectativa do mercado de que Bolsonaro formará uma equipe econômica liberal e reformista, liderada pelo economista Paulo Guedes, mas agentes financeiros agora querem mais detalhes sobre os planos e a equipe do novo governo.[ nL2N1X901T]

"O mercado está esperando esclarecimentos sobre quem fará parte do primeiro escalão do novo governo e quais serão as primeiras medidas", disse o gestor Frederico Mesnik, sócio-fundador da Trígono Capital.

De acordo com o deputado federal reeleito e futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), a equipe de transição vai começar a trabalhar na semana que vem, no Centro de Convenções do Banco do Brasil (CCBB) em Brasília.

Na visão da gestora BlackRock, ganhos adicionais em ativos brasileiros dependerão do sucesso do novo governo em avançar com as reformas econômicas, sobretudo o sistema previdenciário.

"A conclusão das eleições brasileiras marca o fim de uma série de disputas políticas contenciosas na América Latina. Continuamos observando o risco e acreditamos que o fim da nebulosidade política dos mercados emergentes serve de argumento a favor do longo prazo nesses mercados", afirmou a gestora em nota.

O pregão fechou com agentes financeiros na expectativa dos balanços de Itaú Unibanco e Multiplan <, previstos para essa segunda-feira ainda. Na terça-feira, Telefônica Brasil e Embraer divulgam resultados trimestrais antes da abertura.

DESTAQUES

- VALE caiu 4,5 por cento, pesando no Ibovespa em razão da participação relevante na composição do índice, contaminada pelo cenário externo negativo.

- PETROBRAS PN recuou 4,28 por cento, em sessão volátil, após subir mais de 4 por cento, a 28,74 reais, maior cotação intradia desde abril de 2010. Na domingo, A XP Investimentos elevou a recomendação para as ações para 'compra' ante 'neutra'. PETROBRAS ON recuou 3,6 por cento. Os papéis ainda tiveram de pano de fundo declínio do petróleo no exterior e tombo na produção da companhia em setembro. No ano, porém, Petrobras PN ainda sobe quase 65 por cento e Petrobras ON avança mais de 70 por cento.

- BANCO DO BRASIL fechou em baixa de 1,30 por cento, sucumbindo à deterioração generalizada na bolsa, após atingir a maior cotação intradia da história, a 44,50 reais, em alta de 4,9 por cento, no começo do pregão. A ação do banco de controle estatal, que teve recomendação elevada para 'compra' pela XP Investimentos, acumula alta de cerca de 35 por cento em 2018. ITAÚ UNIBANCO PN, que divulga balanço de terceiro trimestre após o fechamento, caiu 1,84 por cento, em dia negativo para o setor financeiros.

- ELETROBRAS PNB recuou 3,46 por cento e ELETROBRAS ON perdeu 5,53 por cento, também se afastando das máximas da sessão registradas no começo do pregão e sofrendo com movimentos de realização de lucros.

- CEMIG PN recuou 5,48 por cento, após subir 3,4 por cento no começo do pregão, para o maior nível desde maio de 2015, reagindo ao resultado eleitoral, com a vitória de Romeu Zema, do Partido Novo, de perfil liberal e favorável à privatização da companhia, para o governo de Minas Gerais. Até a sexta-feira, as ações subiam 68 por cento apenas em outubro.

- SABESP avançou 1,8 por cento, embalada pelo resultado da eleição no Estado de São Paulo, em que João Doria, do PSDB, saiu vitorioso.

- KLABIN UNIT caiu 1,95 por cento, apesar da fabricante de papel e celulose ter divulgado nesta segunda-feira resultado operacional medido pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de 1,25 bilhão de reais. Analistas do Itaú BBA consideraram o resultado forte.

- HYPERA perdeu 2,7 por cento, mesmo após o grupo farmacêutico reportar lucro líquido de 244,5 milhões no terceiro trimestre, aumento de 17,6 por cento ante mesma etapa de 2017, em resultado apoiado por maiores vendas de medicamentos genéricos e menor volume de impostos pagos. A equipe da corretora Mirae considerou o resultado bom.