IPCA
0,83 Mar.2024
Topo

Discordância entre EUA e China domina cúpula em Papua Nova Guiné

17/11/2018 13h48

Por Tom Westbrook e Charlotte Greenfield e Philip Wen

PORT MORESBY (Reuters) - Os Estados Unidos e a China trocaram farpas sobre comércio, investimentos e segurança regional na cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, neste sábado, com as crescentes falhas entre os integrantes sugerindo que há pouca perspectiva de consenso na reunião.

Falando na capital de Papua Nova Guiné, o vice-presidente americano Mike Pence disse que as tarifas americanas continuariam até que a China mudasse suas práticas, depois de o presidente Xi Jinping alertar que a sombra do protecionismo e do unilateralismo atrapalhava o crescimento global.

Ilustrando o impasse entre as duas maiores economias do mundo, um diplomata envolvido na negociação de uma declaração de líderes da APEC disse à Reuters que o comércio era um tema espinhoso, e que a nação sede estava tendo problemas para encontrar uma linguagem aceitável para todos.

Pence atacou diretamente o programa "Cinto e Estrada" do presidente Xi, que a China tem promovido às nações do Pacífico na APEC, dizendo que os países não deveriam aceitar dívidas que comprometessem sua soberania.

"Não oferecemos um cinturão constritivo ou uma via de mão única", disse Pence à cúpula de executivos da APEC, uma precursora da reunião oficial de líderes, realizada em um navio de cruzeiro ancorado em Fairfax Harbour, em Port Moresby.

As tentativas da China de ganhar amigos no Pacífico, rico em recursos, estão sendo observadas com cautela pelas potências que tradicionalmente têm influência na região --Austrália e Estados Unidos.

O presidente norte-americano, Donald Trump, não comparecerá à reunião da APEC, nem seu equivalente russo, Vladimir Putin.

Xi, hospedado em Port Moresby, tem sido festejado por oficiais de Papua Nova Guiné e causou preocupação ao Ocidente, na sexta-feira, quando realizou uma reunião com líderes das ilhas do Pacífico, na qual promoveu sua iniciativa "Cinto e Estrada".

Falando antes de Pence, Xi disse que não havia uma agenda geopolítica por trás do projeto, que foi revelado em 2013 e que busca reforçar uma rede de conexões, por terra e por mar, entre o Sudoeste Asiático, a Ásia Central, o Oriente Médio, a Europa e a África.

"Não exclui ninguém. Não é um clube exclusivo fechado para quem não é membro, nem uma armadilha, como algumas pessoas rotularam".

Há preocupações de que países pequenos que aderiram aos projetos de infraestrutura fiquem com o fardo de dívidas que não possam pagar, o que foi sublinhado por Pence.

"Não aceite uma dívida externa que possa comprometer sua soberania. Proteja seus interesses. Preserve sua independência. E, como os Estados Unidos, sempre coloque o seu país primeiro", disse.