Copel definirá neste ano modelo de desinvestimento em telecom e gás, diz CEO
Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - A estatal paranaense Copel pretende focar os negócios em geração, transmissão e distribuição de energia, e para isso buscará definir ainda em 2019 um modelo para desinvestimento de seus ativos em telecomunicações e distribuição de gás, disse à Reuters nesta sexta-feira o novo presidente da companhia, Daniel Slaviero.
A elétrica possui uma subsidiária de telecomunicações, a Copel Telecom, e uma participação de 51 por cento na distribuidora de gás Compagás, que ainda tem como sócios a Gaspetro e a japonesa Mitsui, com 24,5 por cento cada.
"Não está definido o modelo, nem qual participação (a ser vendida). Isso é um assunto no qual iremos mergulhar a partir da próxima semana, é uma coisa que pretendemos pelo menos estar com o desenho e a estrutura alinhada em 2019. Não quer dizer que isso vá ocorrer em 2019, mas certamente teremos o escopo e o modelo", afirmou o executivo.
Ex-diretor-executivo do canal de televisão SBT, Slaviero foi convidado para assumir a Copel após a eleição de Ratinho Junior ao governo do Paraná.
Durante a campanha, algumas falas do então candidato Ratinho Junior contra um elevado reajuste nas tarifas da Copel no ano passado, da ordem de 16 por cento, geraram entre analistas de mercado temores de que ele pudesse levar a elétrica a tentar segurar os repasses às tarifas.
O temor foi em parte sustentado por lembranças do passado, dado que a Copel chegou a suspender reajustes durante o governo de Roberto Requião (MDB) e pediu "diferimentos", ou parcelamentos do aumento tarifário, durante a gestão Beto Richa (PSDB).
Segundo Slaviero, no entanto, a possibilidade de interferência nos reajustes calculados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) está totalmente descartada.
"Algumas declarações do governador foram distorcidas. Nosso estatuto prevê que os reajustes serão aplicados integralmente conforme aprovados pela Aneel", garantiu.
APETITE
O novo presidente da Copel disse que a empresa também terá como diretriz em sua gestão a prioridade para investimentos no Estado do Paraná, embora isso não descarte aportes e projetos em outras regiões-- a empresa tem presença atualmente em 10 Estados.
A companhia, segundo ele, deverá avaliar a participação em leilões de novos projetos de geração e transmissão para buscar expansão, mas sempre em busca de boas taxas de retorno e de negócios que tenham sinergia com suas operações.
"Nosso nível de apetite será moderado, porque primeiro temos que colher os frutos dos investimentos que já fizemos, continuar com o trabalho de redução de alavancagem", afirmou.
Em novembro, o diretor-financeiro da Copel, Adriano de Moura, que segue no cargo, chegou a dizer que a companhia não tinha expectativa de novos investimentos no curto prazo devido à prioridade de reduzir o endividamento.
BOAS PERSPECTIVAS
De acordo com Slaviero, o primeiro semestre de 2019 será "auspicioso" para a Copel, devido à perspectiva de entrega de grandes investimentos, como as hidrelétricas Baixo Iguaçu e Colíder e o parque eólico de Cutia, que devem ser concluídos, respectivamente, em março, maio e abril.
Esses empreendimentos devem gerar receita de 450 milhões de reais para a companhia, que pretende aproveitar esse fôlego e os desinvestimentos nos ativos de gás e telecomunicações para se preparar para o vencimento em 2023 da concessão de sua hidrelétrica Foz do Areia, com 1,67 gigawatt em capacidade.
A legislação atual prevê que as usinas são relicitadas ao final da concessão, em modelo que exige pagamento de bônus de outorga à União--o que a Copel estima que pode envolver entre 3 bilhões e 4 bilhões de reais para sua hidrelétrica.
"A gente considera esse nosso grande desafio para os próximos anos... sozinha, ela equivale a 30 por cento da nossa capacidade de geração", explicou o Slaviero.
O executivo ainda se disse otimista com o governo Jair Bolsonaro e suas nomeações para o setor de energia, como a escolha do almirante Bento Albuquerque para ministro de Minas e Energia e da secretária-executiva, Marisete Pereira, que já atuava na pasta desde 2005.
Ele também disse estar honrado com o convite para presidir a Copel e com a perspectiva de atuar no setor elétrico, no qual não possui experiência prévia.
"O governador buscava competência e principalmente capacidade de gestão... não sou do setor, mas sou de mercado, e fico feliz de poder me aprofundar e conhecer um setor tão fascinante", afirmou.
Slaviero substituiu no cargo o engenheiro Jonel Nazareno Iurk, que estava na posição desde abril de 2018. O diretor financeiro Adriano Rudek de Moura foi mantido na posição.
(Por Luciano Costa)
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