Powell enfrenta novo desafio com questionamento antecipado sobre portfólio do Fed
Por Jonathan Spicer e Ann Saphir
NOVA YORK/SAN FRANCISCO (Reuters) - O chairman do Federal Reserve, Jerome Powell, possui um problema: como explicar que o Fed pode em breve começar a conter sua operação de redução de ativos em andamento sem parecer que está se preparando para uma recessão próxima, ou cedendo ao presidente dos EUA, Donald Trump.
Powell esperava enfrentar este delicado teste de comunicação mais tarde em 2019, em vez de em sua coletiva de imprensa na quarta-feira, após o encerramento da primeira reunião de política monetária do ano do Fed.
Mas três coisas -uma inesperada escassez de reservas nas profundezas de Wall Street, a pressão pública dos investidores e a da Casa Branca e a própria decisão do Fed de repensar as elevações dos juros- estão forçando o banco central dos Estados Unidos a reconhecer a real possibilidade de precisar mais dos títulos do que o originalmente planejado.
"Não se pode parar o ciclo de aumento de juros sem se comunicar com o balanço patrimonial", disse Thomas Costerg, economista sênior da Pictet Wealth Management.
Um balanço patrimonial maior poderia resultar em um alívio generalizado dos custos de financiamento do mercado e no valor do dólar em moeda estrangeira, diminuindo as tensões nos mercados emergentes. Isso também pode afetar o apetite do Fed pela compra de títulos diante de uma futura desaceleração nos EUA.
Por mais de um ano, o Fed reduziu metodicamente seu balanço patrimonial de vários trilhões de dólares -de quase 4,5 trilhões de dólares para cerca de 4,1 trilhões de dólares- sem receber muita atenção.
Em vez disso, o banco central manteve os olhos do mundo focando em uma série de aumentos dos juros que, de acordo com mensagens cuidadosas das autoridades nas últimas semanas, podem ter chegado ao fim.
Em dezembro, Trump deu atenção ao portfólio do Fed, dizendo em sua conta no Twitter que o banco central não deveria "cometer mais um erro" e "parar com os 50 B's" -uma referência ao máximo de 50 bilhões de dólares em títulos pelo qual o Fed vem reduzindo cada vez mais seu portfólio mensalmente, de acordo com um plano elaborado em 2017.
O tuíte de Trump expôs um dilema para o Fed: embora seu plano de 2017 tenha separado o balanço patrimonial da política monetária, os mercados enxergam uma conexão mais forte entre os temas. Se o Fed se mantiver firme em evitar que o balanço patrimonial se torne a primeira ferramenta de resposta contra a os altos e baixos econômicos, Powell precisa manter a divisão desses temas em atividade.
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