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Roberto Campos Neto quer preparar BC para avanço tecnológico, cita blockchain e ativos digitais

Roberto Campos Neto, indicado para presidir o Banco Central - Divulgação/Banco Central
Roberto Campos Neto, indicado para presidir o Banco Central Imagem: Divulgação/Banco Central

Marcela Ayres

06/02/2019 17h22

BRASÍLIA (Reuters) - O economista Roberto Campos Neto, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para presidir o Banco Central, mencionou em carta ao Senado que pretende preparar a autarquia para o avanço de tecnologias.

O documento, no qual apresenta suas trajetória profissional, é parte do processo no qual a indicação presidencial para presidir o BC precisa de aval do Senado para ser aprovada. A expectativa é que esse processo seja concluído até março.

Campos Neto citou na carta ter sido responsável pela tesouraria do Santander para as Américas e disse ter iniciado na instituição um projeto global em inovação tecnológica, tendo feito parte do grupo responsável pelo banco digital.

"Tenho estudado e me dedicado intensamente ao desenho de como será o sistema financeiro do futuro. Participei de estudos sobre blockchain e ativos digitais. Uma das contribuições que espero trazer para o Banco Central é preparar a instituição para o mercado futuro, em que as tecnologias avançam de forma exponencial, gerando transformações mais acelerada", afirmou.

A mensagem sinaliza que Campos Neto deve seguir -- e eventualmente avançar -- no caminho trilhado pelo atual presidente da autoridade monetária, Ilan Goldfajn.

Sob a gestão de Ilan, o BC deu vazão ao surgimento das plataformas independentes de serviços financeiros, as fintechs, inclusive regulamentando no ano passado a atividade das que operam com crédito.

Para 2019, Ilan já havia indicado que o BC começaria a implementação do pagamento instantâneo, com transferências bancárias acontecendo em tempo real, além do funcionamento do open banking, que dá aos clientes o poder de acesso e manipulação de dados bancários, o que abre espaço para maior concorrência no mercado de crédito e de pagamento.

Sobre a atuação do BC, Campos Neto defendeu na carta as conquistas relativas ao controle inflacionário.

"Ressalto a importância da recente consolidação da inflação em torno da meta e da ancoragem das expectativas de inflação, o que permitiu a redução sustentável das taxas de juros e contribuiu para a recuperação da economia", disse.

O economista afirmou ainda ter participado da formulação atual da política econômica e apontou "perfeita afinidade intelectual e moral com a equipe econômica", chefiada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.

Campos Neto foi nomeado em 10 de janeiro como assessor de Guedes, conforme antecipado pela Reuters, num movimento que demonstra a proximidade do futuro presidente do BC com o ministro da Economia.

Patrimônio próprio

Em outro documento, Campos Neto disse ter vendido toda sua participação acionária no Santander até dezembro passado.

Ele indicou ser dono das empresas Peacock Asset, administrada pelo Goldman Sachs, Cor Asset, administrada pelo banco Safra, ROCN, administrada pelo banco UBS e Darling, de gestão de bens de imóveis -- todas sediadas no exterior.

O executivo explicou que as empresas são veículos de investimento que possuem exclusivamente recursos próprios, em ativos internacionais, e sem movimentação recente.

"Investimentos mantidos no Brasil e no exterior não serão movimentados ou serão administrados por gestor independente sem minha participação efetiva durante o período em que estiver na presidência do Banco Central, caso minha indicação seja aprovada pelo Senado Federal", completou.