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Anglo American vê lucro subir em 2018; busca mais segurança após desastre da Vale

21/02/2019 12h09

Por Arathy S Nair e Barbara Lewis

(Reuters) - A Anglo American divulgou nesta quinta-feira um lucro maior do que o esperado, impulsionado por preços mais altos de cobre e carvão, mas disse que nenhum desempenho financeiro "vale uma vida" e que seu maior desafio é eliminar o perigo em suas minas.

A indústria de mineração está nos holofotes após a tragédia envolvendo uma barragem da Vale em Brumadinho (MG), que abalou a confiança no setor em um momento em que os balanços das empresas se recuperavam de uma queda nos preços das commodities em 2015 e 2016.

Das grandes empresas, a Anglo American foi uma das mais atingidas pela queda do mercado de commodities e a que teve a mais forte recuperação.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da Anglo American em 2018 aumentou 4 por cento, para 9,16 bilhões de dólares, e superou a estimativa média de analistas, de 8,7 bilhões, segundo dados do IBES, da Refinitiv.

Enquanto investidores se concentram na sustentabilidade, o CEO Mark Cutifani disse que a Anglo American é líder do setor e apoiou pedidos da BHP por um órgão independente para supervisionar as barragens de rejeitos que armazenam volumes cada vez maiores de resíduos gerados pela mineração.

"Nenhum grau de desempenho financeiro vale uma vida", disse Cutifani em um comunicado. "Nossa determinação em alcançar e manter o dano zero é o nosso desafio mais urgente."

"Creio que nós estamos no caminho certo, mas precisamos ir mais rápido", acrescentou, em teleconferência com jornalistas.

Em 2018, cinco trabalhadores da Anglo American morreram em incidentes de segurança. A empresa também suspendeu as operações em uma mina de carvão na Austrália depois que um trabalhador morreu e vários ficaram feridos na quarta-feira.

A lucratividade da Anglo American foi impulsionada por preços mais altos de algumas de suas commodities, notadamente cobre e carvão, além de melhorias de eficiência.

A companhia está desenvolvendo uma mina no Peru e está explorando no Brasil, onde Cutifani disse que a Anglo está avaliando os resultados de perfuração em cobre.

Perguntado se o desastre da barragem do Vale tornaria mais difícil para as mineradoras operar no Brasil, Cutifani disse que a legislação sobre rejeitos deve ficar mais rigorosa, mas o Brasil ainda se manterá atraente.

"Não esperamos que haja alterações a ponto de mudar nossa visão sobre o Brasil", disse ele.

(Reportagem adicional de Samantha Machado, em Bangalore)