CSN levantará mais R$ 3 bi em 2019 para reduzir dívidas e elevará preços de aço em março
SÃO PAULO (Reuters) - A CSN ainda tem mais de 3 bilhões de reais, de um total de 5 bilhões, para levantar este ano por meio de venda de ativos e operações financeiras, em uma estratégia para reduzir o nível de endividamento do grupo de siderurgia e mineração.
Além dos recursos, o plano da CSN para reduzir até o fim do ano sua alavancagem para três vezes dívida líquida sobre lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) inclui expectativas de crescimento da demanda por aço no Brasil. Esse quadro, inclusive, motivou o grupo a anunciar nesta quinta-feira alta de 10 a 15 por cento em seus preços de aços vendidos no Brasil a partir de 25 de março.
"Nosso compromisso de desalavancagem vai ser alcançado. Esses 3 bilhões de reais vão ser viabilizados de alguma forma, seja via operação financeira ou venda de ativos ou ambos", disse o presidente-executivo da CSN, Benajmin Steinbruch, em teleconferência com analistas.
"E com melhores volumes (de vendas de aço e minério de ferro) tenho a certeza que vamos surpreender com a entrega daquilo que nos foi desafiado pelo mercado, ou seja, nos aproximar de 2,5 vezes" a dívida líquida sobre Ebitda, afirmou o executivo, apesar da meta oficial da CSN ser de três vezes.
A empresa, que alguns anos atrás atingiu um arriscado nível de alavancagem de 8,5 vezes, vem desde então renegociando dívidas, vendendo ativos e investido em melhora de suas operações. A companhia terminou 2018 com uma relação de dívida de 4,55 vezes, depois de vender usinas nos Estados Unidos e renegociar débitos junto ao Banco do Brasil e Caixa.
Segundo o diretor financeiro, Marcelo Ribeiro, os ativos que estão na mira de venda da CSN neste ano incluem a usina alemã SWT, que está em fase de propostas vinculantes, uma negociação de venda antecipada de minério de ferro (streaming) e as ações preferenciais que detém da rival Usiminas.
"Neste universo de opções, podemos levantar 3 bilhões de reais para alcançarmos a meta de 3 vezes", disse Ribeiro, sem dar detalhes sobre quais operações a CSN vai efetivamente realizar para cumprir o objetivo.
Na véspera, a CSN anunciou contrato com a Glencore para um contrato de cinco anos de fornecimento de 22 milhões de toneladas de minério de ferro, avaliado em 500 milhões de dólares.
Operacional
Diante das expectativas de retomada da economia, a CSN espera elevar suas vendas de aço este ano em pelo menos 10 por cento no Brasil, após alta de 17 por cento em 2018, disse o diretor comercial, Luis Fernando Martinez. Para isso, a empresa pretende redirecionar ao mercado interno parte de suas exportações disse o executivo.
Depois de ver um arrefecimento na demanda por aço no início do ano, Martinez avalia que uma recuperação deve começar a aparecer após o Carnaval. "O setor automotivo continua esperando 10 por cento de crescimento em 2019...o segmento de bens de capital espera alta de 5 a 7 por cento e a construção civil aguarda 2 a 3 por cento", disse Martinez.
Ao comentar a decisão de reajuste de preços de aço no fim de março, após um aumento de 6 a 8 por cento em janeiro, Martinez afirmou que o setor siderúrgico vive atualmente com preços no mercado interno abaixo do nível internacional. O chamado "prêmio", segundo o executivo, está negativo em 7 a 12 por cento entre os distribuidores de aço plano no país.
"Temos uma situação perfeita de oferta e demanda para melhorar nossa rentabilidade", disse Martinez, referindo-se a cortes temporários de capacidade produtiva da indústria este ano, algo que inclui além da CSN, a Gerdau, que informou mais cedo que vai parar alto forno de sua usina em Ouro Branco (MG) para manutenção também por 60 dias.
Esta manutenção no forno da CSN está incluída na projeção de investimento de 1,5 bilhão de reais a ser desembolsado pela companhia neste ano, disse o diretor financeiro, Marcelo Ribeiro. Ele acrescentou que os desembolsos de 2020 devem ficar acima deste ano, dependendo do sucesso no processo de desalavancagem. Em 2018, a CSN investiu 1,32 bilhão de reais.
Às 14h33, as ação da CSN era destaque de alta do Ibovespa, avançando 5,1 por cento, impulsionadas pelo resultado do quarto trimestre e pelo anúncio do acordo com a Glencore, antecipado pela Reuters.
(Por Alberto Alerigi Jr.)
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