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Estoque de crédito no Brasil cai 0,9% em janeiro, inadimplência sobe

27/02/2019 10h39

BRASÍLIA (Reuters) - O estoque total de crédito no Brasil caiu 0,9 por cento em janeiro sobre dezembro, a 3,232 trilhões de reais, num mês marcado por elevação no custo dos financiamentos e alta da inadimplência.

Conforme dados divulgados nesta quarta-feira pelo Banco Central, o saldo geral de financiamentos passou a 46,8 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).

"Muito embora não se possa descartar um pequeno arrefecimento do crédito em janeiro, ele tem influência bastante significativa de fatores sazonais", afirmou o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, apontando que os mesmos elementos que contribuem para a alta do crédito em dezembro atuam no sentido contrário em janeiro.

    Segundo Rocha, as empresas tomam mais crédito no último mês do ano tanto para pagarem o 13º salário aos trabalhadores quanto pela necessidade de maior capital de giro, já que o mês é marcado pelas vendas de Natal.  

    "Esse evento sai da economia em janeiro, isso reduz tanto o saldo de crédito quanto as concessões", disse Rocha.

Olhando apenas para o segmento de recursos livres, em que as taxas são livremente definidas pelos bancos, a inadimplência subiu a 4 por cento, sobre 3,8 por cento em dezembro, na primeira alta desde janeiro do ano passado.

A mesmo tempo, os juros médios no mesmo segmento avançaram a 37,7 por cento ao ano, elevação de 2,1 pontos sobre o mês anterior.

O spread, que mede a diferença entre a taxa de captação dos bancos e a cobrada a seus clientes, teve uma expansão de 2,4 pontos na mesma base de comparação, chegando a 30,2 pontos percentuais em janeiro.

A piora nas condições de crédito vem a despeito de a taxa básica de juros seguir estacionada em 6,5 por cento, sua mínima histórica, desde março do ano passado.

EXPECTATIVA PARA O ANO

Nos 12 meses até janeiro, o saldo geral de financiamentos no Brasil cresceu 5 por cento. Para este ano, o BC previu em dezembro que haverá alta de 6 por cento no estoque de crédito, avanço guiado sobretudo pela alta no saldo de financiamentos a famílias e pelo fôlego no segmento de crédito livre.

Em janeiro, o estoque de crédito às pessoas físicas teve alta de 0,6 por cento sobre dezembro, enquanto o crédito às empresas recuou 2,7 por cento.

Já o crédito livre caiu 1,0 por cento no primeiro mês do ano, retração maior que a de 0,8 por cento exibida pelo crédito direcionado.

(Por Marcela Ayres)