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Draghi surpreendeu colegas no BCE com planos ousados de estímulo, dizem fontes

07/03/2019 15h20

FRANKFURT (Reuters) - O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, pegou de surpresa até mesmo autoridades mais "dovish" ao promover nesta quinta-feira um estímulo inesperadamente generoso após projeções mostrarem uma ampla queda no crescimento econômico, disseram quatro fontes familiarizadas com a discussão.

Em sua reunião de política monetária, o BCE adiou para 2020 o momento de sua primeira alta de juros pós-crise e ofereceu aos bancos mais empréstimos ultrabaratos, argumentando que persistente incerteza que vai da guerra comercial global ao Brexit está causando dano duradouro à economia da zona do euro.

Autoridades não esperavam mudar sua orientação sobre os juros. Mas Draghi os confrontou com estimativas mostrando crescimento de apenas 1,1 por cento em 2019, menos da metade do que o BCE previa há um ano, e propôs um conjunto mais amplo de medidas do que as autoridades tinham se preparado, disseram as fontes.

"O crescimento está abaixo da tendência agora e o hiato de produção está se abrindo de novo", disse uma das fontes. "É preocupante porque muito pouco dessa desaceleração é de fato temporária."

Outra fonte disse que se tornou claro apenas na segunda-feira que o BCE optaria por uma ação mais radical, quando as autoridades já estavam em seu período de silêncio e portanto sem poder alterar as expectativas do mercado.

A projeção excepcionalmente fraca de crescimento, junto com uma queda notável no empréstimo, também foi o motivo pelo qual o BCE foi em frente com o anúncio de nova rodada de empréstimos de longo prazo para bancos comerciais, ao mesmo tempo dando espaço a si mesmo para trabalhar em detalhes.

Autoridades mais conservadoras tentaram recuar, mas falharam. A única vitória deles foi em relação a pedidos de alguns para descartar uma alta de juros até abril de 2020, em vez de usar apenas até o próximo ano.

Como era importante que a decisão fosse unânime, Draghi apoiou a proposta de juros inalterados até o final do ano, completaram as fontes.

Um porta-voz do BCE se recusou a comentar.

(Reportagem de Francesco Canepa, Frank Siebelt, Balazs Koranyi)

((Tradução Redação São Paulo, 55 11 5644 7729)) REUTERS CMO LM