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Bolsonaro defende reestruturação de carreira e diz que proposta para militares é profunda

21/03/2019 21h38

SANTIAGO (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro defendeu nesta quinta-feira a proposta de reestruturação da carreira das Forças Armadas e de mudanças nas aposentadorias dos militares, entregue por eles ao Congresso na véspera, e disse que ela é mais profunda do que o texto sobre a Previdência dos servidores civis e da iniciativa privada.

No Chile, onde se reunirá com o presidente Sebastián Piñera e participará de encontro com presidentes da América do Sul com vistas a criar um novo bloco regional, Bolsonaro disse que uma medida provisória editada em 2000, no governo Fernando Henrique Cardoso, tirou praticamente todos os direitos dos militares e que isso precisa ser levado em conta na análise da nova proposta para a categoria.

"Ontem quando eu entreguei a proposta pessoalmente para o presidente Rodrigo Maia, eu pedi aos parlamentares, haviam muitos lá, muitas lideranças, que levassem em conta uma medida provisória que há 19 anos está sem ser votada", disse Bolsonaro, que é capitão da reserva do Exército, aos jornalistas.

"Essa medida provisória foi muito fundo na questão da reforma previdenciária em 2000, que teria que ser feita, segundo o governo FHC na época, para todos os Poderes. Acabou sendo feita para nós. Então juntando a medida provisória 2215 com a proposta encaminhada ontem, a proposta de reforma para os militares é muito mais profunda do que a PEC entregue há poucas semanas no Parlamento."

Pouco depois, o presidente reiterou esses argumentos ao defender a proposta para os militares durante transmissão ao vivo nas redes sociais.

A inclusão de uma reestruturação da carreira das Forças Armadas na proposta de mudanças nas aposentadorias dos militares gerou críticas até mesmo entre aliados do governo Bolsonaro, que avaliaram que a medida pode levar outras categorias a buscar o mesmo benefício.

PESQUISA, PINOCHET E 1964

Na chegada ao Chile, Bolsonaro também minimizou a pesquisa Ibope divulgada na quarta-feira que apontou queda de 15 pontos na avaliação positiva de seu governo desde janeiro, assim como uma queda de 16 pontos na aprovação de seu desempenho pessoal. [nL1N2171K5]

Para Bolsonaro, o levantamento do Ibope não tem credibilidade.

“Essas pesquisas agora têm o mesmo valor das pesquisas eleitorais do ano passado. Vários órgãos de pesquisa conhecidos diziam que eu perderia para todo mundo no segundo turno. Não estou preocupado com pesquisas porque também não têm credibilidade no Brasil”, disse o presidente.

Admirador declarado admirador do regime militar que governou o Brasil entre 1964 e 1985 e de líderes autoritários, como o ex-ditador paraguaio Alfredo Stroessner, a quem chamou recentemente de "estadista", Bolsonaro esquivou-se de comentar sobre o ex-ditador chileno Augusto Pinochet.

"Eu não vim aqui falar sobre Pinochet. Tem muita gente que gosta dele, gente que não gosta", disse o presidente. Entretanto, ele voltou a defender o período militar no Brasil iniciado em 1964 ao afirmar que o então presidente, João Goulart, foi deposto pelo Congresso Nacional, não pelos militares.

"Eu estou dizendo para vocês que quem cassou João Goulart na época não foram os militares, foi o Congresso Nacional no dia 2 de abril de 1964", disse Bolsonaro.

"Essa questão... tem que ser levada à luz da verdade... Não podemos dar voz à esquerda que sempre tem um lado pra dizer que aquele lado estava certo e não o outro", acrescentou.

Goulart deixou Brasília em direção ao Rio Grande do Sul após um levante militar no dia 31 de março de 1964 e, antes mesmo de ele deixar o país rumo ao exílio, o Congresso declarou vaga a Presidência.

(Por Fabian Cambero)