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Suzano mira desalavancagem e redução de custos após fusão, diz CFO

26/03/2019 19h22

Por Paul Kilby

NOVA YORK (Reuters) - Meses após concluir uma fusão que a tornou na maior produtora de celulose do mundo, a Suzano está se concentrando na desalavancagem e na redução de custos, enquanto tenta reduzir seus spreads de títulos em linha com suas rivais globais.

    A produtora de celulose e papel, que comprou sua rival Fibria no ano passado em uma transação de 36 bilhões de reais, quer reduzir sua dívida líquida para 10 bilhões de dólares, abaixo dos 13,5 bilhões de dólares da entidade combinada em dezembro.

    "Essa é nossa meta de longo prazo", disse o diretor-executivo Marcelo Bacci à IFR nesta terça-feira. "[Mas] isso não vai acontecer em poucos meses."

   A Suzano está perto de alcançar o grau de investimento das agências de classificação de risco, com rating de Ba1/BBB-/BBB- da Moody's, S&P e Fitch, e Bacci vê espaço para melhora.

    Os mercados já recompensaram a empresa cobrando menos taxas neste ano. A Suzano agora tem custo médio de financiamento de 4,7 por cento, com o menor spread entre as empresas brasileiras.

    Mesmo assim, Bacci quer alinhar os níveis de spreads da empresa aos pares globais, como a Chile Arauco e a CMPC, além da International Paper.

    "Nós nos vemos como uma empresa global em termos de nosso alcance e, na verdade, é uma desvantagem competitiva ter que pagar mais por nossa dívida do que algumas dessas empresas", disse Bacci.

    "Não há razão, diante de nossa rentabilidade e posição de baixo custo, para pagar spread maior do que nossos pares."

    

    MELHORANDO ÍNDICES

    A dívida líquida da empresa sobre Ebitda era de 3,1 vezes em dezembro. Embora esteja dentro do limite de 3,5 vezes definido durante ciclos de investimento como este, Bacci quer ver a alavancagem dentro de um intervalo de 1 a 3 vezes.

    A Suzano contratou uma linha de crédito rotativo de 500 milhões de dólares no início do ano para poder usar o excesso de caixa para pagar caras dívidas de curto prazo, provavelmente iniciando com o pré-pagamento de alguns empréstimos bancários.

    "A operação permitirá reduzir nossa posição de caixa, que hoje é significativa. É mais do que precisamos do ponto de vista operacional", disse Bacci.

    Por fim, a Suzano pode reduzir sua posição de caixa de 9 bilhões de reais pela metade, ao mesmo tempo que economizaria entre 800 milhões e 900 milhões de dólares por ano após a fusão oficialmente fechada em 14 de janeiro, disse Bacci.

    A empresa já fez progressos significativos na redução de dívida, cancelando títulos locais e pagando antecipadamente empréstimos em moeda local devidos ao BNDES e ao Banco do Nordeste, de acordo com a empresa de pesquisa CreditSights.

    Também está mantendo os pagamentos aos acionistas no mínimo --parte de uma política que liga os dividendos aos fluxos de caixa. "Hoje, à medida que precisamos desalavancar e reduzir a dívida líquida em relação ao Ebitda, estaremos pagando dividendos relativamente baixos", disse ele.

    E embora a empresa não tenha mais necessidade de acessar o mercado de dívida após pagar os 6,9 bilhões de dólares usados na compra da Fibria, ainda está buscando oportunidades.

    "Os mercados parecem atraentes. O desafio é encontrar um uso para esses recursos", disse ele. "Se estivermos (confortáveis) com os usos potenciais, podemos ir ao mercado com uma transação de gerenciamento de passivos."

(Reportagem de Paul Kilby)