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BCE pode adiar aumento de juros com aumento do risco ao crescimento

27/03/2019 08h42

Por Francesco Canepa e Balazs Koranyi

FRANKFURT (Reuters) - Enfrentando crescentes ameaças ao seu crescimento, o Banco Central Europeu pode adiar ainda mais o aumento das taxas de juros caso seja necessário e pode avaliar medidas para minimizar os efeitos dos juros negativos, disse o presidente do BCE, Mario Draghi, nesta quarta-feira.

O BCE reverteu o curso neste mês e adiou os planos de "normalizar" a política monetária, fornecendo aos bancos ainda mais liquidez e adiando o aumento de juros até o próximo ano.

"Assim como fizemos em nossa reunião em março, garantiremos que a política monetária continue acompanhando a economia, ajustando nossas orientação futura de modo a refletir novas perspectivas para a inflação", disse Draghi em uma conferência em Frankfurt.

Com a demanda externa em queda, os investimentos das empresas têm sofrido e crescem os riscos de que a demanda interna e o emprego sejam afetados, disse Draghi. Os novos empréstimos bancários do BCE - destinados a operações de refinanciamento de prazo mais longo, ou TLTROs (na sigla em inglês) - são uma das ferramentas para combater a desaceleração.

"As TLTROs são uma ferramenta flexível com vários parâmetros que podem ser calibrados para atender às necessidades da política monetária em um determinado ponto no tempo", disse Peter Praet, economista-chefe do BCE.

Respondendo às reclamações dos bancos de que as taxas de juros negativas estão prejudicando os empréstimos bancários, Draghi disse que o BCE vai analisar se medidas de contenção são necessárias, mas disse que lucros fracos não são um resultado automático de taxas negativas .

"Caso seja necessário, precisamos refletir sobre possíveis medidas que possam preservar as implicações favoráveis das taxas negativas para a economia, enquanto reduzimos os efeitos colaterais, se houver algum", disse Draghi. "Dito isso, a baixa rentabilidade dos bancos não é uma consequência inevitável dos juros negativos".

Draghi também pareceu rejeitar a ideia de que os bancos precisam de ajuda extra. Os bancos de melhor desempenho usaram a última década para reduzir custos, diversificar receitas e investir em tecnologia da informação, disse ele.