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Opep luta para manter Rússia em acordo por cortes, pode oferecer extensão menor

28/03/2019 15h03

Por Rania El Gamal e Dmitry Zhdannikov e Olesya Astakhova

DUBAI/LONDRES/MOSCOU (Reuters) - A Arábia Saudita está tendo dificuldades para convencer a Rússia a permanecer por mais tempo no pacto de cortes de produção de petróleo liderado pela Opep, com Moscou podendo concordar com uma extensão de apenas três meses, segundo três fontes familiarizadas ao assunto.

O ministro da Energia russo, Alexander Novak, disse ao ministro saudita Khalid al-Falih quando se encontraram em Baku, neste mês, que não pode garantir uma extensão até o fim de 2019, afirmaram as fontes.

"Novak disse a Falih que estenderá (o acordo) em junho, mas que pode fazê-lo apenas até o fim de setembro, já que está sob muita pressão interna para encerrar os cortes", disse uma fonte com conhecimento da política petrolífera russa.

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), a Rússia e outros produtores não-membros da Opep --uma aliança conhecida como Opep+-- concordaram em dezembro com a redução da oferta de petróleo em 1,2 milhão de barris por dia por seis meses, a partir de 1º de janeiro.

"Podemos estender por três meses quando nos reunirmos em junho, e então analisar se mais tarde precisaremos estender", afirmou uma fonte da Opep.

"Realmente não sabemos no momento, e pode ser que não saibamos até o último minuto antes de nossa reunião em junho, se os russos permanecerão."

A aliança Opep+ foi formada em 2017. Desde sua origem, os preços do petróleo dobraram, para mais de 60 dólares por barril --principalmente como resultado de uma série de cortes de produção por seus membros.

Uma saída da Rússia do acordo mais recente sobre cortes de produção faria com que os preços do petróleo caíssem.

A Arábia Saudita e outros membros da Opep poderiam ser forçados a considerar a continuação dos cortes sozinhos, caso a Rússia opte por não permanecer, disse a fonte da Opep.

Não ficou claro se a postura dura da Rússia era uma tática de negociação ou uma ameaça real de deixar o acordo, com Novak enfrentando crescente pressão das petroleiras russas, que não querem mais restrições às produções, de acordo com as fontes.

Uma fonte da indústria russa, porém, vê o movimento como blefe. "Rússia e Arábia Saudita estão blefando agora, tentando a mesma jogada que vimos em dezembro", disse.

"Novak está ameaçando encerrar o acordo, mas depois pedirá a Putin permissão para estender o corte."