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Venda de cimento no Brasil em março recua sobre um ano antes, mas sobe no trimestre

09/04/2019 16h53

SÃO PAULO (Reuters) - A comercialização de cimento no Brasil em março recuou 6,6 por cento, sobre o mesmo período do ano passado, e encerrou o primeiro trimestre em alta de 1,3 por cento na comparação anual, informou nesta terça-feira a entidade que representa os fabricantes do insumo, Snic.

O crescimento no trimestre foi marcado por reativação de algumas fábricas que estavam paradas hás vários meses em meio à lentidão da economia, disse o presidente do Snic, Paulo Camillo.

Em dias úteis, a venda de cimento em março subiu 2,1 por cento sobre o mesmo mês de 2018, para 4,056 milhões de toneladas, segundo a entidade. No primeiro trimestre, o volume comercializado foi de 12,681 milhões de toneladas, ficando perto da projeção de expansão de 1,5 por cento do Snic.

Segundo o presidente do Snic, o resultado do primeiro trimestre foi ligeiramente acima do esperado pelo setor. "Os indicadores de financiamento imobiliário continuam avançando, o que nos deixa otimistas para projetar um crescimento de aproximadamente 3 por cento no ano", disse o executivo.

Camillo afirmou que as vendas de cimento seguem sendo puxadas pelo setor imobiliário, impulsionadas por crescimento de dois dígitos nos lançamentos de novos empreendimentos no país, enquanto em infraestrutura as vendas seguem sustentadas mais por empreendimentos de mobilidade tocados por prefeituras.

A indústria de cimento do Brasil possui cerca de 100 fábricas espalhadas pelo país. Deste total, 20 estão fechadas, segundo dados do Snic. "Eu diria que observamos um aumento da produção neste trimestre, já tem forno sendo religado, não é significativo ainda, mas é uma mudança. A gente está 'despiorando'", disse Camillo sobre o setor de cimento, que acumula queda de vendas de cerca de 30 por cento nos últimos quatro anos.

Apesar do boletim Focus do Banco Central ter voltado a apontar nesta semana uma sexta queda consecutiva na perspectiva para o crescimento da economia do país, Camillo afirmou que não vê motivos para haver neste momento um "refluxo na trajetória positiva para o setor imobiliário", uma vez que o déficit habitacional segue significativo, e a "oferta de crédito segue abundante".

Camillo citou dados sobre crescimento de 29 por cento nos lançamentos imobiliários nos 12 meses até janeiro, além de alta de 48 por cento nos financiamentos para aquisição de imóveis em fevereiro sobre um ano antes.

A expectativa do Snic é que as vendas de cimento acelerem nos próximos meses, atingindo alta de 4,5 a 5 por cento sobre um ano antes no segundo semestre, apesar de riscos como a lentidão na tramitação da reforma da Previdência, considerada pelo governo como essencial para reforçar a confiança dos investidores na economia.

Sobre uma possível nova greve dos caminhoneiros, que em maio passado paralisaram o país durante 11 dias, causando prejuízos a vários setores, incluindo cimento, o presidente do Snic avalia que há demanda suficiente por transporte para evitar uma repetição da manifestação.

"Até junho tem demanda significativa (por transporte) gerada pela safra agrícola do país. Não acredito em greve quando estamos vendo efetivamente um aumento de demanda. Mas isso tem que ser resolvido o mais rápido possível", disse Camillo, referindo-se à tabela de fretes, adotada pelo governo de Michel Temer e que espera há meses por uma posição do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre sua legalidade.

No final de março, a associação de caminhoneiros Abcam afirmou que o nível de insatisfação da categoria estava "muito grande" e que isso poderia resultar em uma nova greve dos motoristas.

(Por Alberto Alerigi Jr.)