Desacertos foram pontuais e Bolsonaro depende do Congresso, diz Onyx
Por Ricardo Brito e Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, afirmou nesta quinta-feira que eventuais desacertos nos 100 primeiros dias de governo foram "pontuais", mas ressaltou que tudo o que o presidente Jair Bolsonaro quiser fazer dependerá do Congresso, que representa a sociedade.
"Eventuais desacertos foram apenas pontuais, acho que o balanço -- e a maioria dos veículos brasileiros fez -- foi muito positivo", disse Onyx, em entrevista coletiva após solenidade de comemoração dos 100 dias da nova gestão.
Segundo o ministro, no momento está se aprendendo e é preciso ter "um pouquinho de paciência". Onyx destacou, no entanto, que o atual governo -- ao contrário de passados -- tem norte.
O ministro afirmou que Bolsonaro sempre se relacionou com independência no Congresso e sabe que tem que agir na base do convencimento e não na imposição, mas que não tem fugido ao diálogo com os parlamentares. Segundo ele, há uma adaptação a um novo momento e que se está vivendo uma transição, que tem, em sua opinião, "se saído bem".
"Eu digo sempre que, quando nós vencemos a eleição, não ganhamos um papel em branco para escrever apenas aquilo que a gente pensa, o que o governo pensa e o presidente Bolsonaro pensa. Tudo o que ele (presidente) quer fazer depende da autorização do Congresso brasileiro que legitimamente representa a nossa sociedade", afirmou.
Segundo o ministro, foi a população brasileira, nas urnas, que disse que não quer um "toma lá da cá" na política ao eleger novos deputados federais, senadores e o mais improvável dos candidatos a presidente da República. "Estamos baseados na experiência internacional, com honestidade, esforço, construindo um novo caminho", disse.
"Temos um novo momento e todos estamos tentando, com maior paciência e humildade, encontrar o caminho para que os parlamentares se sintam valorizados e respeitados", completou.
Para o titular da Casa Civil, no relacionamento com os partidos, é preciso ter a humildade e admitir que houve erros. Ele afirmou que todos os 12 presidentes de partidos que se reuniram nos últimos dias com Bolsonaro foram convidados a participar de um embrião de um conselho político com o presidente da República.
PREVIDÊNCIA
Apesar das dificuldades na tramitação, Onyx destacou na coletiva que "seguramente" a reforma da Previdência será aprovada no primeiro semestre pelo Congresso. Segundo ele, a proposta não é uma reforma como a feita por presidentes anteriores, mas sim uma correção de um sistema previdenciário falho, o de repartição.
O ministro afirmou que a reforma da Previdência vai permitir que se pague em dia as aposentadorias e que milhões de brasileiros façam parte do sistema.
"O governo prepara o Brasil através dessas metas para que, com a aprovação da nova Previdência, que seguramente acontecerá no primeiro semestre ainda, porque ela é a favor dos brasileiros, o Brasil entrará no portal da prosperidade", disse ele, que também defendeu a adoção do regime de capitalização que, destacou, aumentará a poupança interna brasileira para seguir o exemplo chileno.
CONSELHOS
O ministro afirmou que o governo caminha para diminuir o seu tamanho e reduzindo seus níveis hierárquicos.
Afirmou que nos próximos 60 dias vai ser avaliado o papel de 700 conselhos da administração direta e indireta no país, que, segundo ele, tem uma visão de funcionamento absolutamente distorcido.
Onyx disse que esses conselhos terão esse prazo para buscar a sua permanência ou extinção e ele estima que, ao fim do período, deverá permanecer cerca de 50 conselhos apenas.
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