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Expansão da China no 1º tri mantém ritmo inesperadamente, mas é cedo demais para chamar de recuperação

17/04/2019 07h30

Por Kevin Yao e Lusha Zhang

PEQUIM (Reuters) - A economia da China repetiu no primeiro trimestre a taxa de crescimento de 6,4 por cento sobre o ano anterior, desafiando expectativas de uma desaceleração, uma vez que a produção industrial saltou com força e a demanda do consumidor mostrou sinais de melhora.

A leitura favorável, que incluiu crescimento mais rápido do investimento, vai ampliar o otimismo de que a economia da China pode estar começando a se estabilizar no momento em que Pequim e Washington parecem estar avançando na direção de um acordo comercial.

Mas analistas alertam que é cedo demais para dizer que essa é uma virada sustentável, e mais suporte é necessário para manter a força da segunda maior economia do mundo. Muitos esperavam uma recuperação apenas na segunda metade de 2019.

Pequim ampliou o estímulo fiscal neste ano, anunciando bilhões de dólares em cortes adicionais de impostos e gastos em infraestrutura, enquanto os bancos chineses emprestaram um recorde de 5,8 trilhões de iuanes no primeiro trimestre.

"Precisamos de mais evidências para chamar de uma recuperação plena. Nossa visão para a economia ainda é cautelosa", disse Jianwei Xu, economista sênior do Natixis.

"Achamos que isso (dados mais fortes do que o esperado) está ligado ao estímulo, mas não podemos atribuir tudo a isso."

Analistas consultados pela Reuters esperavam que o crescimento do PIB desacelerasse para 6,3 por cento entre janeiro e março na comparação com o ano anterior.

O suporte do governo está gradualmente tendo efeito, embora a economia ainda enfrente pressão, alertou nesta quarta-feira Mao Shengyong, porta-voz da Agência Nacional de Estatísticas.

O crescimento trimestral foi sustentado pelo forte salto na produção industrial, que subiu 8,5 por cento em março sobre o ano anterior, ritmo mais forte em mais de quatro anos e meio. A leitura superou os números de 5,9 e 5,3 por cento projetados para os dois primeiros meses do ano.

O crescimento da produção industrial deve se manter, com a expectativa de que as exportações continuem aumentando, disse Mao.

Os dados desta quarta-feira também ajudaram a aliviar temores de enfraquecimento da confiança do consumidor na China. As vendas no varejo avançaram 8,7 por cento em março, superando a estimativa de 8,4 por cento e o dado anterior de 8,2 por cento.

As vendas foram lideradas pela forte demanda por eletrodomésticos, móveis e materiais de construção, refletindo a retomada no mercado imobiliário.

Na comparação trimestral, o PIB cresceu 1,4 por cento no primeiro trimestre, como esperado, mas abaixo da taxa de 1,5 por cento entre outubro e dezembro.

Analistas consultados pela Reuters projetam que o crescimento da China vai desacelerar para a mínima de quase 30 anos de 6,2 por cento neste ano, uma vez que a demanda fraca tanto interna quanto externa e a guerra comercial pesam sobre a atividade, apesar das medidas de suporte.

O governo tem como objetivo crescimento de 6,0 a 6,5 por cento.