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Acionistas da EDP votam contra oferta de aquisição da CTG, mas parceria continua

24/04/2019 17h12

Por Sergio Goncalves

LISBOA (Reuters) - Os acionistas da elétrica EDP Energias de Portugal votaram nesta quarta-feira para na prática bloquear uma oferta pública de aquisição (OPA) de 9 bilhões de euros da chinesa China Three Gorges (CTG) pela companhia, mas a empresa portuguesa afirmou que a parceria com a chinesa continuará, com foco na América Latina.

A oferta da CTG para a compra da maior empresa de Portugal tinha como condição fundamental a eliminação de um limite para o direito a voto na EDP, de 25 por cento, mas essa mudança sofreu oposição do investidor ativista Elliot e foi rejeitada pelos acionistas em geral em assembleia nesta quarta-feira.

O órgão regulador do mercado de ações português já havia dito que a rejeição à proposta daria fim à oferta da CTG.

Analistas já viam como pouco provável a continuidade da oferta pela CTG devido à grande demora da empresa para lançá-la formalmente após seu anúncio inicial, em maio de 2018, e pela oposição de autoridades dos Estados Unidos a um controle pelos chineses do significativo negócio de energia renovável da EDP no país.

"O que aconteceu hoje tem a ver com essa oferta em particular, e não com o futuro da empresa... a parceria com a CTG será mantida", disse a jornalistas o presidente-executivo da EDP, Antonio Mexia.

A estatal chinesa CTG já é a maior acionista da EDP, com uma fatia de 23 por cento.

"Ela (a parceria) tem todo um potencial, toda sua força, estamos tranquilos tanto com o futuro da companhia quanto com a parceria com a CTG", afirmou Mexia. Ele acrescentou que EDP e a CTG farão de tudo para criar valor para os acionistas, com foco nas operações na América Latina, onde esperam entrar em novos mercados.

"A América Latina já é hoje uma área de colaboração entre a EDP e CTG e estamos trabalhando em conjunto para entrar em novos mercados na América Latina", disse ele. "Quanto ao resto, já veremos... Tudo está em aberto."

Fontes familiares com o assunto disseram à Reuters no mês passado que a EDP poderia propor uma joint venture com a CTG que permitisse à empresa chinesa expandir sua presença no Brasil e no restante da América Latina.

A CTG está entre as estatais chinesas que têm ampliado seus investimentos na Europa nos últimos anos.

A alteração nos direitos a voto na EDP precisava do apoio de dois terços dos acionistas presentes à assembleia geral, mas quase 57 por cento dos que compareceram votaram contra.

"Os acionistas votaram claramente, eles foram contrários à oferta", disse um dos acionistas.

Os investidores presentes à assembleia representavam apenas pouco mais de 65 por cento do capital votante, disse a EDP.

(Reportagem de Sergio Gonçalves)