Com exterior ruim, dólar flerta com R$4 em meio a dúvidas sobre Previdência
Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar disparou ante o real nesta quarta-feira, fechando no maior patamar em quase sete meses e muito perto do nível psicológico de 4 reais, refletindo a percepção de que a reforma da Previdência pode enfrentar um caminho mais sinuoso pela frente.
O dólar à vista
Na máxima do pregão, a moeda bateu os 3,9950 reais.
Na B3, a referência do dólar futuro
O real amargou o segundo pior desempenho global nesta sessão, só à frente do combalido peso argentino
"A reação do dólar no mundo foi muito forte, e há uma discussão sobre se a alta sequencial do petróleo pode ser inflacionária, o que reduz o tom 'dovish' do Fed", disse Cleber Alessie, operador da mesa financeira da H.Commcor.
Analistas da Kayros Consultoria destacaram em nota a correlação positiva entre o dólar no Brasil e o índice que mede o valor da moeda norte-americana frente a uma cesta de divisas <.DXY>. Com isso, os analistas lembram o peso dos fatores externos na formação do preço da taxa de câmbio local.
Porém, a performance mais fraca do real nesta sessão se deveu a um ajuste de posições passada a esperada aprovação do texto da reforma da Previdência na CCJ --a primeira e teoricamente mais simples etapa dos trâmites.
A PEC que muda as regras das aposentadorias foi aprovada na comissão da Câmara dos Deputados após acordo fechado pelo governo para retirar trechos do texto. O aval ao texto foi lido pelo mercado como mérito do centrão e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), com problemas ainda aparentes na articulação do governo, que agora precisa convencer os deputados da comissão especial, que analisará o conteúdo da proposta.
Nesta quarta-feira, o secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, avaliou ser necessário que o governo se empenhe mais pela aprovação da matéria.
"O mercado busca a segurança do dólar porque ainda vê um caminho ainda muito complicado para a reforma", disse Thiago Silencio, operador de derivativos na CM Capital Markets. "O sentimento de que a vitória foi menos do governo agora gera grande dúvida sobre a capacidade do governo de convencer o Congresso a favor da reforma", completou.
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