Economia com reforma da Previdência tem de ser ao menos de R$800 bi, diz Bolsonaro
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira que a "previsão mínima" de economia com a reforma da Previdência é de 800 bilhões de reais em 10 anos, mas repassou para o Congresso a responsabilidade sobre o impacto de eventuais alterações na proposta.
Questionado por repórteres, ao sair do almoço no restaurante do Palácio do Planalto, sobre declaração que havia dado mais cedo num café com um grupo de jornalistas sobre um piso de 800 bilhões de reais para a economia com a reforma, Bolsonaro respondeu: "Previsão mínima da reforma da Previdência."
Na sequência, ao ser perguntado se era possível mexer na proposta até 800 bilhões de reais, o presidente disse que a decisão é do Congresso. "Não, não sei, não sei, quem vai decidir é o Parlamento."
No café com jornalistas, Bolsonaro disse que esse piso havia sido estipulado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.
Nesta quinta-feira pela manhã, o Ministério da Economia informou que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Previdência prevê uma economia total de 1,237 trilhão de reais em dez anos, ante o valor de 1,072 trilhão de reais que foi anunciado na apresentação da proposta, em fevereiro.
Guedes tem repetido que se a economia não for de pelo menos 1 trilhão de reais, ela não será robusta o suficiente para o lançamento de um sistema de capitalização.
Embora o montante citado por Bolsonaro estejam abaixo do que o ministro da Economia vem defendendo publicamente, uma fonte parlamentar que participa ativamente das negociações argumentou que "se for 800 bilhões de reais já é mais do que a gente estava discutindo no melhor momento da reforma do ex-presidente Michel Temer".
No café com jornalistas de vários veículos, como o jornal O Estado de S. Paulo e o canal de notícias GloboNews, Bolsonaro comentou que se a economia com a reforma ficar abaixo de 800 bilhões de reais "a situação vai explodir em 2022".
O presidente chegou a dizer que a situação ficaria parecida com a Argentina. Para ele, uma reforma que economize menos que 800 bilhões de reais não representa um "ponto de inflexão" para o país.
Bolsonaro rebateu, no encontro da manhã, a alegação de que o governo tenha cedido nas quatro alterações ao texto da reforma já feitas pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Para o presidente, não se está cedendo, mas a reforma está no Congresso.
Em mais um afago ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), Bolsonaro elogiou o deputado pelo papel desempenhado na aprovação da reforma na CCJ, dizendo ter sido um "exemplo de entrega e abnegação". O presidente disse também que a partir de agora "a bola está com ele".
MOURÃO
O presidente disse que seu filho Carlos continuará a administrar as suas contas nas redes sociais. Carlos, que é vereador pelo PSC no Rio de Janeiro, tem feito fortes ataques ao vice-presidente da República, Hamilton Mourão, que estava no café da manhã ao lado do presidente.
Bolsonaro foi questionado sobre se as críticas feitas por Carlos a Mourão são justas. Ele disse que algumas são e outras nem tanto. O presidente disse que o "casamento" entre ele e Mourão vai até 2022, no mínimo.
(Reportagem de Ricardo Brito)
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