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Safra de café do Brasil deve cair 17,4% para 50,92 mi sacas em 2019, diz Conab

16/05/2019 10h46

SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil deverá produzir 50,92 milhões de sacas de 60 kg de café em 2019, uma redução de 17,4 por cento ante 2018, estimou nesta quinta-feira a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), com impacto da bienalidade negativa da safra de arábica este ano e efeitos das altas temperaturas e escassez de chuvas entre dezembro e janeiro em algumas regiões.

A segunda previsão da estatal para a produção deste ano ficou mais perto do piso do intervalo da projeção anterior, de 50,5 milhões a 54,5 milhões de sacas, que havia sido divulgada em janeiro, ainda com a safra em desenvolvimento.

Neste momento, cafeicultores do maior produtor e exportador global já começaram a colheita de café em algumas regiões.

O levantamento aponta que a produção de café arábica do Brasil deverá atingir 36,98 milhões de sacas (-22,1% ante 2018), ficando no centro do intervalo previsto em janeiro (entre 36,1 milhões e 38,1 milhões de sacas).

Já a produção de café robusta (conilon) foi prevista em 13,9 milhões de sacas, abaixo do intervalo de 14,4 milhões a 16,3 milhões de sacas da previsão anterior. Se for confirmada, a safra dessa variedade teria uma queda de 1,7 por cento na comparação anual.

A queda na produção esperada para 2019 deverá ocorrer após um recorde na colheita de 2018, acima de 61 milhões de sacas. Apesar de um recuo anual, a safra deste ano ainda será a maior para anos de baixa bienalidade do arábica, que tipicamente intercala produtividades maiores e menores um ano após outro.

A grande safra, uma das maiores do Brasil, deve ajudar a manter os mercados abastecidos –os preços futuros da commodity, próximos de mínimas em mais de uma década na bolsa de Nova York, sinalizam isso.

Nos últimos anos, em meio à redução de área plantada, "é notório" o ganho de produtividade que os produtores brasileiros têm alcançado, com a aplicação de novas tecnologias na cultura, ressaltou a Conab.

Para safra 2019, a produtividade média da safra brasileira (arábica e conilon) foi estimada em 27,63 sacas/hectare, redução de 16,5% em relação à temporada passada.

"Tal diminuição deve ocorrer em quase todas as principais regiões produtoras, principalmente àquelas que dispõem de café arábica, devido aos impactos ocasionados pela bienalidade negativa, além das condições climáticas desfavoráveis registradas entre dezembro de 2018 e janeiro de 2019”, afirmou a estatal em nota.

O arábica, espécie mais influenciada pela bienalidade, teve produtividade estimada em 25,16 sacas/ha, queda de 20,7% ante 2018.

Já produtividade média do conilon nesta safra foi estimada em 37,34 sacas/ha, sinalizando diminuição de 3,3% em relação à temporada anterior.

"O rendimento estimado no Nordeste, em particular na região do Atlântico baiano, ficou muito aquém do esperado e isso impactou na expectativa de produtividade média. Nos demais Estados produtores, todos projeções apontam acréscimo para o rendimento médio", disse a Conab, apontando aumento de 1% na produtividade do Espírito Santo, maior produtor de conilon.

A área total cultivada no país com café (arábica e conilon) totaliza 2,16 milhões de hectares, equivalente à cultivada em 2018, disse a Conab. Desse total, 319,72 mil hectares (14,8%) estão em formação e 1,84 milhão de hectares (85,2%) em produção.

Na atual safra, a área em produção foi reduzida em 1,1%, enquanto a área em formação aumentou 8,7% em relação à safra passada, um bom sinal para a produção no futuro.

Por se tratar de uma safra de bienalidade negativa, disse a Conab, é normal que os produtores aproveitem para realizar tratos culturais nas lavouras em 2019 e, consequentemente, diminuam a área em produção.

(Por Roberto Samora)