Bolsonaro diz que acordo UE-Mercosul pode despertar "operação dominó"
(Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou neste sábado que o tratado de livre comércio entre União Europeia e Mercosul pode gerar uma "operação dominó" e encorajar outros países a negociarem acordos comerciais com o Brasil.
"Acho que é operação dominó, com toda certeza outros países terão interesse em negociar conosco, o Japão, inclusive", disse Bolsonaro em entrevista coletiva no encerramento da cúpula do G20 na cidade japonesa de Osaka, citando como exemplo a carne brasileira.
Mercosul e União Europeia (UE) assinaram um acordo preliminar de livre comércio na sexta-feira, encerrando duas décadas de negociações e contrariando uma tendência global de crescimento do protecionismo diante da disputa comercial entre as duas maiores economias do mundo, a China e os Estados Unidos.
Bolsonaro também enfatizou a importância da China como parceira comercial do Brasil, lembrando que planeja visitar o país no segundo semestre, possivelmente em outubro. Ele teria uma reunião bilateral com o presidente da China, Xi Jinping, neste sábado, mas o encontro foi cancelado por atraso na agenda do líder chinês, segundo reportagens de jornais brasileiros.
Na entrevista, Bolsonaro disse que iria desfazer "qualquer mal entendido" no encontro com Xi e buscar ampliar o comércio com a China, após ter criticado Pequim diversas vezes durante a campanha presidencial do ano passado.
"A China vai continuar fazendo comércio conosco", afirmou.
Questionado sobre o encontro na véspera com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o presidente brasileiro disse que ambos discutiram formas de aproximação e também de ampliar o comércio.
Segundo Bolsonaro, Trump deve fazer uma visita à Argentina ainda este ano, oportunidade em que defendeu um encontro entre o líder norte-americano com diversos presidentes de países da América do Sul.
Bolsonaro também comentou encontro que teve com a chanceler alemã, Angela Merkel, que antes de embarcar para o G20 disse que gostaria de ter uma conversa franca com o líder brasileiro sobre a questão ambiental.
Ele disse que Merkel "arregalou os olhos" em determinado momentos, inclusive quando a convidou para explorar a Amazônia "de forma racional e sustentável".
"Se alguém pode falar sobre preservação ambiental é o Brasil", disse. "Não podemos aceitar certas observações e uma difamação do Brasil no tocante a essa área".
"Mostramos que o Brasil mudou o governo e é um país que vai ser respeitado. Falei para ela da questão da psicose ambientalista que existe para conosco", acrescentou.
Na agenda de política nacional, Bolsonaro disse que o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, permanecerá no cargo até segunda-feira, como todos os demais ministros. Antônio é suspeito de envolvimento em esquema de candidaturas laranjas do PSL, partido de Bolsonaro, investigado pela Polícia Federal.
Sobre o sargento da Aeronáutica preso na Espanha em um avião da FAB na Espanha esta semana por porte de 39 quilos de cocaína, Bolsonaro disse que gostaria que o caso tivesse ocorrido na Indonésia, onde o crime de tráfico de drogas é punido com a pena de morte.
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro, e Gabriela Melo, em São Paulo)
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