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Se Cristina Kirchner entrar e fechar a economia argentina, saímos do Mercosul, diz Guedes

Em discurso, Guedes também afirmou que o governo vai acelerar as privatizações - Marcelo Fonseca/Folhapress
Em discurso, Guedes também afirmou que o governo vai acelerar as privatizações Imagem: Marcelo Fonseca/Folhapress

Stefani Inouye

Da Reuters, em São Paulo

15/08/2019 15h02

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou hoje que se o futuro novo governo da Argentina fechar sua economia, o Brasil deixará o Mercosul, união aduaneira que também abarca Paraguai e Uruguai.

"Se a Cristina Kirchner entrar e fechar a economia, a gente sai do Mercosul", disse ele em evento promovido pelo Santander em São Paulo.

Nesta semana, o mercado argentino sofreu forte abalo na esteira da esmagadora vitória do candidato de oposição Alberto Fernández nas eleições primárias, afetando severamente as chances de reeleição do presidente Mauricio Macri.

Fernández, que tem a ex-presidente Cristina Kirchner como sua companheira de chapa, abriu forte vantagem nas primárias em relação a Macri, que é defensor do livre mercado.

Em sua fala, Guedes defendeu que o Brasil nunca precisou da Argentina para crescer, frisando que o foco do governo é a recuperação da dinâmica de expansão da atividade econômica.

"O comércio exterior é uma cauda balançando, mas nossa preocupação principal é interna. O Brasil é uma economia continental e precisamos recuperar nossa dinâmica própria de crescimento. Nós não somos tão dependentes lá de fora", disse.

"Se o mundo desacelerar, não creio que vamos ter tanto impacto aqui porque o Brasil virou uma ilha isolada", completou.

Em meio a uma alinhamento entre Brasil e Argentina, o Mercosul fechou no fim de junho acordo de livre comércio com a União Europeia após negociações iniciadas há 20 anos.

Recentemente, o secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, Marcos Troyjo, disse que há hoje "conexão e coincidência de propósitos" entre o presidente Jair Bolsonaro, Macri e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Já sobre as tensões comerciais entre Estados Unidos e China, Guedes avaliou que esta é uma briga que traz desconforto no mundo todo, mas ponderou que Trump foi eleito para isso.

"O que temos que fazer é nossa parte, consertar aqui dentro e esperar o pau comer lá fora. Se eles caírem lá fora, nós vamos continuar vendendo pra eles e continuar comendo pelas beiradas. Pode afetar alguns preços relativos, mas não temo que seja um impacto muito grande por aqui", disse.

Privatizações

Em seu discurso, Guedes também afirmou que o governo vai acelerar as privatizações e destacou que o apoio do presidente Jair Bolsonaro ao programa está aumentando.

"Meu trabalho é tentar vender todas as estatais", afirmou.

O ministro ainda apontou que agora é preciso avançar com a reforma tributária, ressaltando que a proposta do governo é unificar o sistema. "Quem quiser fazer vem junto, e quem não quiser fica fora, igual foi feito na Índia e no Canadá", disse.

Sobre a reforma da Previdência, que agora tramita no Senado após aval da Câmara dos Deputados, Guedes afirmou que o governo tem indicações de que a proposta irá avançar sem grandes mudanças substanciais.

"Ainda não é o ideal, que seria o regime de capitalização, mas já é alguma coisa", disse.

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